O senador norte-americano Lindsey Graham, um dos principais aliados do presidente Donald Trump no Congresso dos EUA, afirmou nesta segunda-feira (21) que os Estados Unidos devem impor tarifas pesadas contra Brasil, China e Índia caso esses países continuem comprando petróleo da Rússia.
Em entrevista à Fox News, Graham acusou os três membros do Brics de financiar a “máquina de guerra” de Vladimir Putin na Ucrânia e prometeu retaliação econômica.
“Vamos impor tarifas pesadas contra vocês e vamos esmagar suas economias, porque o que vocês estão fazendo é dinheiro manchado de sangue”, declarou o senador, ao classificar as transações como apoio indireto ao esforço de guerra russo, que já dura mais de três anos.
A fala ocorre em meio à intensificação da guerra tarifária entre Brasil e Estados Unidos, iniciada com a ameaça de Trump de aplicar alíquota de 50% sobre todas as exportações brasileiras. Agora, sob o argumento geopolítico da guerra na Ucrânia, o entorno trumpista pressiona por tarifas ainda mais altas — desta vez de até 100%.
Segundo Graham, Trump pretende ampliar as sanções econômicas não apenas contra a Rússia, mas contra qualquer país que mantenha laços comerciais com o regime de Putin.
“A China, a Índia e o Brasil vão ter de escolher entre a economia norte-americana e ajudar Putin. E eu acho que eles vão escolher a economia norte-americana”, disse o senador, reforçando o discurso de que Trump está “cansado desse jogo”.
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Na semana passada, o próprio Trump declarou que aplicará tarifa de 100% sobre produtos russos se Moscou não encerrar o conflito com a Ucrânia em 50 dias. A posição foi endossada pelo novo secretário-geral da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Mark Rutte, que pediu que os países do Brics aumentem a pressão diplomática contra o Kremlin.
Pressões diplomáticas
O Brasil, que mantém relações comerciais com a Rússia no setor energético e agrícola, passou a ser diretamente citado no discurso de pressão econômica de Washington. Até então, a disputa com os EUA era centrada em acusações de “práticas comerciais desleais”, como o incentivo ao uso do Pix ou a regulação digital local. Agora, o argumento geopolítico abre nova frente de conflito, em especial no comércio de petróleo e combustíveis.
A retórica de Graham amplia o isolamento retórico do Brasil no tabuleiro global e representa um novo grau de ameaça à sua autonomia diplomática e energética.