O presidente do Senado e do Congresso, Davi Alcolumbre (União-AP), minimizou o recurso do governo ao Supremo Tribunal Federal (STF) para reverter a derrubada do decreto que aumentava o IOF, protocolado na manhã de terça (1º).
O recuo contrasta com a própria fala dele após a aprovação do Projeto de Decreto Legislativo (PDL) na semana passada, de que a derrubada do decreto presidencial foi feita por muitas mãos em um recado do Legislativo contra a imposição de novos impostos pelo governo.
“O governo tem legitimidade de tomar qualquer decisão, simples assim. […] Deixa acontecer”, disse ao final da sessão do Senado horas depois, no final da tarde.
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Alcolumbre disse que ainda não tinha conversado com a ministra Gleisi Hoffmann, das Relações Institucionais, nos últimos dias, que saiu no ataque contra a decisão por ampla maioria nas duas casas do Congresso. Inclusive partidos da base aliada votaram a favor da derrubada do decreto.
Pouco depois, ao se dirigir ao seu gabinete junto dos senadores Randolfe Rodrigues (PT-AP), líder do governo no Congresso, e Renan Calheiros (MDB-AL), ele cantou um trecho de uma música do Grupo Revelação que diz “deixa acontecer naturalmente”.
A derrubada do decreto presidencial pelo Congresso aprofundou a crise entre o Planalto e o Legislativo, o que deixou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) profundamente irritado nos dias seguintes.
Nesta quarta (2), ele criticou publicamente o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), por supostamente descumprir o acordo que tinha feito pelas medidas de compensação após o recuo do governo no aumento do IOF.
“O erro, na minha opinião, foi o descumprimento de um acordo que tinha sido feito no domingo à meia-noite, na casa do presidente Hugo Motta. Lá estavam vários ministros, vários deputados, o companheiro Fernando Haddad com sua equipe. […] Quando chega na terça-feira, o presidente da Câmara toma a decisão que eu considerei absurda”, afirmou em entrevista à GloboNews.
Apesar da irritação de Lula com Motta, o ministro Fernando Haddad, da Fazenda, vem tentando contornar a crise ao afirmar que não há conflito e que, neste momento, há apenas uma discussão jurídica por parte do STF, sem entrar em questões políticas e econômicas.