Um incêndio que levou à evacuação da Blue Zone nesta quinta-feira (20) expôs, no penúltimo dia da COP 30, a sucessão de falhas que marcou o evento em Belém. A correria provocada pela fumaça somou-se a uma série de episódios constrangedores — de apagões e banheiros sem água a protestos violentos, alimentos a preços abusivos e críticas internacionais — que transformaram a conferência, planejada como vitrine ambiental do governo Lula (PT), em alvo de desgaste político e acusações de desorganização.
A seguir, os principais pontos que marcaram negativamente o evento.
1. Incêndio e evacuação da Blue Zone
No penúltimo dia do evento, a área restrita da ONU — a Blue Zone — precisou ser evacuada após um incêndio em um dos pavilhões. Houve correria, fumaça e ao menos três pessoas foram hospitalizadas e 13 foram atendidas por inalação de fumaça.
A organização afirmou que o fogo foi controlado, mas o episódio expôs fragilidades da estrutura temporária montada às pressas no antigo aeroporto de Belém. A suspeita inicial é de um curto-circuito causado por um celular.
O incêndio repercutiu na imprensa de outros países. O jornal britânico The Telegraph, por exemplo, escreveu que o evento foi “mergulhado no caos” devido ao incidente. O site Politico destacou depoimentos de testemunhas que relataram que só souberam do incêndio ao ver as pessoas correndo. Já o New York Times disse que o fogo fez com que delegações “em pânico” corressem para evacuar o “centro de convenções improvisado”.
2. Apagões e falhas constantes de infraestrutura
Participantes relataram quedas de energia, dificuldades de acesso, instalações improvisadas e problemas de ventilação nos pavilhões. Os relatos circularam amplamente nas redes sociais e reforçaram a percepção de que o evento havia sido organizado sem planejamento adequado.
3. Banheiros sem água e alojamentos precários
Delegações e visitantes denunciaram, nos primeiros dias, banheiros sem água, chuveiros inutilizáveis e até alojamentos sem condições mínimas de hospedagem. A situação foi usada como munição pela oposição, que passou a chamar a conferência de “Flop-30”.
4. Coxinha a R$ 30 e refeições a R$ 60
Os preços de alimentação chamaram atenção internacional. Entre os valores mais citados:
- Coxinha, pão de queijo, empada e esfiha: R$ 30
- Café ou chá: R$ 30
- Água mineral (250 ml): R$ 25
- Refeições: de R$ 60 “reduzidas” para R$ 45, após reclamações.
Para o ministro do Turismo, Celso Sabino, quem reclamou sofre de “síndrome de vira-lata”.
5. Manifestação violenta e tentativa de invasão da Blue Zone
Na terça (11), manifestantes de esquerda — incluindo indígenas, estudantes e ativistas contrários à exploração de petróleo — tentaram invadir a zona restrita. Houve empurra-empurra, aparelhos de raio-x quebrados, um segurança ficou ferido e a confusão expôs falhas graves de controle de acesso.
6. Bloqueio da entrada por indígenas Munduruku
Dias depois, na sexta (14), indígenas Munduruku bloquearam por quatro horas a principal entrada da COP 30, impedindo delegações de entrar. O protesto — que exigia demarcação de terras e fiscalização contra garimpo ilegal — só terminou após promessa de reunião com André Corrêa do Lago e possibilidade de participação das ministras Marina Silva e Sônia Guajajara.
7. Hospedagem de Lula em um iate após recusar navio da Marinha
Às vésperas do início da COP, veio à tona que Lula havia recusado hospedagem em um navio da Marinha por considerá-lo inadequado. Em vez disso, o presidente foi acomodado no iate Iana 3, pertencente a um empresário do Amazonas e já citado em denúncias de irregularidades eleitorais. A revelação coincidiu com relatos de falta de hotéis e preços inflacionados na cidade.
8. Delegações estrangeiras relatam desconforto — e alemães comemoram saída
O chanceler alemão, Friedrich Merz, declarou em discurso na Alemanha que “todos ficaram felizes por terem deixado Belém” após a COP. A fala gerou mal-estar diplomático, mas expôs um incômodo real entre delegações que relataram calor excessivo, longos deslocamentos, dificuldade de alimentação e desorganização geral.
9. Acusações de superfaturamento e contratos sem licitação
A montagem acelerada da estrutura temporária — pavilhões, acessos, climatização e áreas de alimentação — abriu espaço para questionamentos sobre contratos com dispensa de licitação e valores acima do mercado. A oposição prometeu acionar órgãos de controle após o evento.
Ministro de Lula minimiza problemas do evento
Enquanto vídeos de confusão, estruturas improvisadas e preços abusivos circulavam no mundo, ministros do governo minimizaram. O chefe da pasta do Turismo, Celso Sabino, disse que as queixas eram exageradas e motivadas por preconceito contra Belém. A postura gerou críticas e aumentou a percepção de desconexão entre governo e público.
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