sexta-feira , 21 novembro 2025
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O que deve acontecer com os preços do café e da carne após a retirada do tarifaço de Trump

A inclusão de 249 produtos agrícolas brasileiros, entre eles café e carne bovina, na lista de isenção das tarifas de importação dos Estados Unidos deve ter efeitos positivos para a balança comercial brasileira e reduzir a taxa câmbio em razão da maior entrada de dólares na economia.

Com a retomada da exportação de volumes mais relevantes para o mercado americano, pode haver uma pressão sobre a oferta e os preços no mercado interno, mas o impacto deve ser bastante limitado e não deve ocorrer de forma imediata, segundo analistas.

Nos meses em que perdurou o tarifaço americano de 50% sobre os itens brasileiros, boa parte das exportações acabaram redirecionadas para outros mercados, de modo que o aumento da oferta interna e a queda nos preços no mercado doméstico acabou não se mostrando tão relevante como se previa inicialmente.

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Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos, considera que uma das consequências da retirada das tarifas sobre a carne bovina será a redução na pressão de baixa sobre os preços do arroba do boi. “Apesar desse suporte adicional, o impacto da medida sobre a inflação deve ser restrito”, diz.

Tanto é que a economista mantém as projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 4,3% para 2025 e em 4,5% para 2026, como já projetava antes do anúncio de quinta-feira (20) do presidente americano Donald Trump.

Ela destaca que as exportações de bovinos permaneceram fortes ao longo do período em que as tarifas estiveram vigentes, com o redirecionamento das vendas para outros mercados, o que colaborou para segurar os preços no mercado interno.

A XP Investimentos também prevê um impacto limitado da medida na balança comercial brasileira para 2025, da ordem de US$ 700 milhões adicionais. Para 2026, a corretora também estima uma inflação de 4,5%.

“Nosso cenário (isto é, anterior à Ordem Executiva de 20 de novembro) já não considerava efeitos tarifários para o próximo ano, pois antecipávamos um acordo ou uma ampliação da lista de isenções entre os dois países, o que agora se concretizou”, explica a economista Luíza Pinese.

André Braz, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), acredita que pode haver efeitos da retirada da tarifa sobre produtos como a carne e o café, mas que não devem ser sentidos nos próximos meses.

Apesar disso, o efeito não deve ser imediato. “A gente não vai lotar navios de uma hora para a outra, e também já existe alguma pressão em função do aumento da demanda com as festas de fim de ano, férias, quando as famílias naturalmente consomem um pouco mais”, diz.

“Então a gente vai assistir uma aceleração da inflação de alimentos agora que não tem muita relação com a retirada das tarifas”, explica. “Em um segundo momento, mais para meados de 2026, talvez haja algum aumento de preços em função do aumento das exportações.”

A alta no escoamento dos produtos para os Estados Unidos deve ter efeitos relevantes na balança comercial total do Brasil, melhorando ainda a taxa de câmbio em razão da entrada de dólares, explica o economista. “Por outro lado, traz esse desafio extra para os preços.”

Produtores de café e carne bovina comemoram reversão de tarifas

A decisão de Trump de acabar com a tarifa foi comemorada por representantes dos setores de café e carne bovina, os mais relevantes nas exportações do Brasil para os Estados Unidos.

Para a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) a reversão das tarifas “reforça a estabilidade do comércio internacional e mantém condições equilibradas para todos os países envolvidos, inclusive para a carne bovina brasileira”.

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Segundo a entidade, a medida demonstra “a efetividade do diálogo técnico e das negociações conduzidas pelo governo, que contribuíram para um desfecho construtivo e positivo”.

A Abiec afirma ainda que continuará atuando de forma cooperativa para ampliar oportunidades e fortalecer a presença do Brasil nos principais mercados globais.

Cecafé continuará atuando para isentar também café solúvel

O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) também celebrou o anúncio, ressaltando o esforço do setor privado, juntamente com o governo, para a conquista.

“Trata-se de uma histórica vitória para toda a cadeia produtiva do café, que somente foi possível graças ao suporte dos associados, do Conselho Deliberativo do Cecafé e do setor privado norte-americano, que colaboraram e alinharam estratégias e frentes de atuação durante todo o período de enfretamento do tarifaço”, declarou a entidade, em nota.

O presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, calcula que a manutenção da sobretaxa poderia gerar um prejuízo de até US$ 3 bilhões por ano para o setor.

“Os Estados Unidos representam algo da ordem de US$ 2 a US$ 2,5 bilhões para as exportações de café do Brasil, e nos últimos três meses a nossa queda tinha sido de 50%”, diz.

“Com o evento da semana anterior, em que a tarifa no café para todos os demais países caiu para zero, nossa perspectiva era que perderíamos mais 30% do mercado, ou seja, o total de 80%, o que significa uma queda na balança comercial da ordem de aproximadamente US$ 2 bilhões de dólares somente para os Estados Unidos”, acrescenta.

Segundo ele, para o Brasil se manter competitivo nas exportações para os outros países os descontos no mercado internacional tiveram de aumentar significativamente. “Em função disso, nós estimávamos que também no espaço de 12 meses, poderíamos perder mais US$ 1 bilhão sobre o restante das exportações brasileiras.”

Ferreira diz ainda que a entidade permanecerá em negociação junto ao governo brasileiro e com o setor de café americano, representado pela National Coffee Association (NCA), uma vez que o café solúvel não está incluído nas novas isenções.

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“Imediatamente quando saiu a legislação que retirou as tarifas de 40% sobre café em grão, eu, enquanto presidente do Cecafé, já tive contato com a embaixada do Brasil em Washington, com Brasília e também com os nossos pares importadores lá fora, e já estamos debruçados para trabalhar também, no solúvel”, conta.

Segundo ele, há um consenso entre todas as partes da necessidade de uma discussão com o governo americano para que também sejam retiradas “urgentemente” as tarifas do produto solúvel.

“Eu costumo dizer que para cada emprego gerado pelo café em grão, três ou quatro são gerados pelo café solúvel, cujo valor agregado é maior, obviamente, por ser produto final acabado.”

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