A Polícia Federal montou uma linha de investigação que aponta que o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) pode ter deixado o Brasil de forma clandestina ainda em setembro, período em que o STF julgava o núcleo central da tentativa de golpe de Estado de 2022.
Segundo apuração confirmada pela PF a TV Globo, o parlamentar viajou de avião até Boa Vista (RR) e, dali, teria seguido por via terrestre até a fronteira norte, possivelmente rumo à Venezuela ou à Guiana, utilizando um carro alugado.
A suspeita ganhou força após registros internos mostrarem que Ramagem não comunicou à Câmara dos Deputados qualquer deslocamento internacional, o que é obrigatório para parlamentares com restrições judiciais.
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A saída irregular ocorreu no mesmo mês em que a 1ª Turma do Supremo analisou seu caso e o condenou a 16 anos, 1 mês e 15 dias de prisão pelos crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e tentativa de golpe.
As investigações indicam que Ramagem, então diretor da Abin no governo Bolsonaro, utilizou a estrutura do órgão de inteligência para monitorar adversários políticos e reforçar os ataques ao sistema eleitoral que sustentaram a estratégia do ex-presidente para permanecer no cargo.
A sentença proibiu o deputado de sair do país e determinou a entrega do passaporte, além de outras medidas cautelares.
A PF solicitou ao ministro Alexandre de Moraes a prisão preventiva de Ramagem diante dos indícios de fuga. O pedido já havia sido acolhido antes mesmo de o PSOL cobrar formalmente a medida, na quarta-feira (19), conforme apurações da emissora.
O partido argumentou que a evasão do parlamentar confirma o risco de que outros condenados do núcleo golpista adotem estratégia semelhante e pediu providências também para localizar o deputado no exterior, caso sua presença fora do país seja confirmada.
A movimentação de Ramagem nos últimos dias reforçou a tese de que ele estaria fora do Brasil. Um documento interno da Câmara, revelado pela TV Globo, mostra que o deputado solicitou um telefone com roaming internacional na terça-feira (18) para participar remotamente da votação do PL Antifacção.
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Pelas regras da Casa, porém, o exercício do mandato não pode ocorrer a partir do exterior. Apesar disso, registros mostram que ele participou de votações enquanto apresentava atestados médicos que o afastavam das atividades parlamentares entre setembro e dezembro.
A Câmara informou que não há missão oficial autorizada, nem comunicação de viagem, e que desconhece qualquer deslocamento do parlamentar. A ausência de justificativas oficiais, aliada ao uso de roaming internacional e ao trajeto suspeito registrado pela PF, acelerou a decisão de Moraes de ordenar a prisão.
Com a ordem expedida, a PF agora concentra esforços na localização do deputado e avalia acionar autoridades estrangeiras para garantir seu retorno ao país, caso Ramagem esteja efetivamente no exterior.
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