O presidente do Banco Regional de Brasília (BRB), Paulo Henrique Costa, foi afastado das funções nesta terça (18) em meio à prisão do banqueiro Daniel Vorcaro, dono do Banco Master. A instituição pública da capital federal também foi alvo de mandados de busca e apreensão pela Polícia Federal durante o cumprimento da Operação Compliance Zero, que mira um esquema de emissão e negociação de títulos de crédito falsos.
O BRB foi envolvido na operação após tentar comprar parte do Banco Master em meados de março com forte pressão política tanto do Governo do Distrito Federal (GDF) como de parlamentares no Congresso.
De acordo com informações confirmadas à Gazeta do Povo por fontes a par da investigação, o afastamento de Costa por 60 dias ocorreu pela suspeita de envolvimento no esquema de títulos de crédito falsos com o Banco Master, tendo em vista os negócios que as duas instituições financeiras mantinham.
Em nota à reportagem, o BRB informou que sempre atuou em conformidade com as normas de compliance e transparência e que prestou regularmente informações ao Ministério Público Federal e ao Banco Central sobre todas as operações relacionadas ao Banco Master. “A Instituição reafirma seu compromisso com a ética, a responsabilidade e a integridade na condução de suas atividades”, completou (veja na íntegra mais abaixo).
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O GDF informou que nomeou o servidor de carreira da Caixa, Celso Eloi de Souza Cavalhero, para a presidência do BRB no lugar de Costa. “Possui trajetória consistente em gestão financeira pública, análise de risco e governança, além de ampla experiência operacional no sistema bancário. Sua indicação será encaminhada à Câmara Legislativa do Distrito Federal, nos termos da Lei Orgânica”, afirmou em nota (veja na íntegra mais abaixo).
O governo do DF afirmou, ainda, que o BRB mantém a capacidade plena de operação com “total segurança administrativa e financeira” e disponibilização normal dos serviços. “Não há qualquer impacto estrutural na liquidez, na solvência ou na continuidade operacional da instituição”, completou.
Governador do DF defendeu compra do Master pelo BRB
A compra de parte do Banco Master pelo BRB foi apoiada pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB-DF) que, em meados de setembro, defendeu a transação para se evitar danos ao sistema financeiro brasileiro.
“A dilapidação do Master, que está se mostrando aí, pode trazer um grande risco para o sistema financeiro como um todo”, afirmou negando que o banco de Brasília sofreria algum prejuízo, mesmo após o Banco Central negar a negociação.
Em março, quando o BRB anunciou a transação, Ibaneis classificou como “um dia de festa”. A negociação previa a compra de 49% das ações ordinárias, 100% das ações preferenciais e 58% do capital total do Banco Master. No entanto, deixaria a parte de precatórios de fora.
“Eu pedi ao Paulo [Henrique Costa, presidente do BRB] que deixasse essa fatia no Master de fora. E isso aconteceu. A operação hoje tem pouco risco para o BRB”, seguiu o governador.
O BRB é uma empresa pública de economia mista e capital aberto, com o GDF como acionista majoritário (71,92% das ações). A instituição é o “agente financeiro do Tesouro do Distrito Federal” e responsável por operacionalizar o pagamento dos servidores distritais, aposentadorias, créditos e financiamentos locais e operacionalização de programas e benefícios do governo local.
BC decreta liquidação do Master
O afastamento de Costa ocorreu em meio ao cumprimento do mandado de prisão de Vorcaro e mais seis pessoas e após a decisão do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, de decretar a liquidação do Banco Master menos de um dia depois de o Grupo Fictor demonstrar interesse na compra da instituição por, inicialmente, R$ 3 bilhões.
O Banco Central também determinou a indisponibilidade dos bens dos controladores e ex-administradores do Master, incluindo Vorcaro. Um mês antes, o órgão já havia vetado a compra de parte do banco pelo BRB, o que aumentou as desconfianças sobre as operações envolvendo as duas instituições financeiras.
Entre os crimes investigados pela PF estão gestão fraudulenta, gestão temerária e organização criminosa, todos relacionados ao suposto esquema de falsificação de títulos.
“As investigações tiveram início em 2024, após requisição do Ministério Público Federal, para investigar a possível fabricação de carteiras de crédito insubsistentes por uma instituição financeira. Tais títulos teriam sido vendidos a outro banco e, após fiscalização do Banco Central, substituídos por outros ativos sem avaliação técnica adequada”, disse a PF em nota.
A operação cumpre 25 mandados de busca e apreensão em cinco estados — Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Distrito Federal — incluindo as dependências do BRB em Brasília.
O que dizem os citados
Veja abaixo o que disse o BRB sobre a operação desta terça (18) que determinou o afastamento do presidente e o cumprimento de mandados de busca e apreensão:
O BRB reforça que sempre atuou em conformidade com as normas de compliance e transparência, prestando regularmente informações ao Ministério Público Federal e ao Banco Central do Brasil sobre todas as operações relacionadas ao Banco Master.
O Banco informa, ainda, que nenhuma prisão foi realizada na manhã desta terça-feira (19). A decisão judicial que orienta a atuação da Polícia Federal nas dependências do Banco determina, exclusivamente, o afastamento temporário do presidente e do diretor financeiro pelo prazo de 60 dias.
A Instituição reafirma seu compromisso com a ética, a responsabilidade e a integridade na condução de suas atividades. O Banco segue operando normalmente, garantindo a continuidade integral dos serviços e preservando a segurança das operações, dos clientes, dos parceiros e de toda a sua estrutura operacional.
Veja abaixo o que disse o Governo do Distrito Federal sobre a operação:
O Governo do Distrito Federal, diante das decisões judiciais proferidas nesta terça-feira (18) que determinaram o afastamento temporário do presidente e do diretor financeiro do Banco de Brasília, reforça seu compromisso com a legalidade, a transparência e a plena colaboração com as autoridades responsáveis pelas investigacões.
O Governo do Distrito Federal reafirma que o BRB mantém sua capacidade plena de operação, com total segurança administrativa e financeira. Todas as rotinas bancárias, sistemas internos, serviços aos clientes, contratos vigentes, operações de crédito e compromissos institucionais seguem em funcionamento regular. Não há qualquer impacto estrutural na liquidez, na solvência ou na continuidade operacional da instituição.
O Governo do Distrito Federal, para assegurar a continuidade administrativa e financeira do BRB, indicou Celso Eloi de Souza Cavalhero para a presidência do banco. Servidor de carreira da Caixa Econômica Federal desde 1990 e atual superintendente da instituição em Brasília, Celso Eloi possui trajetória consistente em gestão financeira pública, análise de risco e governança, além de ampla experiência operacional no sistema bancário. Sua indicação será encaminhada à Câmara Legislativa do Distrito Federal, nos termos da Lei Orgânica.
O Governo do Distrito Federal informa, ainda, que medidas internas adicionais serão adotadas para reforçar os mecanismos de governança, compliance e controle interno. A administração pública distrital acompanhará de forma permanente as apurações e colaborará com todas as instâncias regulatórias e fiscalizatórias. O objetivo é assegurar a integridade dos processos, preservar o patrimônio público e fortalecer a confiança no sistema financeiro do Distrito Federal.
O Governo do Distrito Federal permanece comprometido com a estabilidade institucional do BRB e com a garantia de que todos os serviços prestados à população ocorrerão com regularidade, transparência e responsabilidade.
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