quarta-feira , 12 novembro 2025
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China decide não investir em fundo florestal criado pelo Brasil na COP30

A China decidiu não participar do Tropical Forest Forever Facility (TFFF), o fundo global de conservação de florestas tropicais apresentado pelo Brasil como principal iniciativa da COP30, segundo três fontes com conhecimento direto do assunto.

O fundo, lançado durante a conferência do clima da ONU em Belém, já acumula US$ 5,5 bilhões em compromissos de investimento, com aportes confirmados de Noruega, França e Indonésia, além da sinalização da Alemanha, que afirmou planejar uma “contribuição substancial”.

Mesmo assim, sem novos investidores, o Brasil deverá ficar abaixo da meta revisada definida antes do início das negociações. A proposta inicial previa US$ 25 bilhões em capital semente, a serem alavancados até US$ 125 bilhões. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse na semana passada acreditar que o fundo pode chegar a US$ 10 bilhões até o próximo ano.

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Segundo duas das fontes, autoridades chinesas sustentam que os países desenvolvidos devem arcar com a principal responsabilidade pelo financiamento de esforços globais de conservação. Brasil e Indonésia, ambos economias emergentes, foram os primeiros apoiadores do TFFF.

A delegação chinesa que participa da COP30 não respondeu a pedidos de comentário. Os ministérios de Meio Ambiente e Finanças da China também não foram localizados fora do horário comercial. O Ministério da Fazenda do Brasil não comentou.

Fundo quer remunerar países por manter florestas em pé

O TFFF foi projetado para incentivar financeiramente a preservação de florestas tropicais, que armazenam grandes volumes de dióxido de carbono. O modelo prevê o investimento dos recursos aportados em ativos financeiros de alto retorno. Parte dos rendimentos seria usada para remunerar os investidores com juros, e o restante destinado a pagamentos anuais de US$ 4 por hectare de floresta protegida em países participantes.

Leia mais: TFFF: como é a engenharia financeira do fundo de florestas tropicais lançado na COP30

Segundo uma das fontes, o Brasil não espera novos compromissos durante a COP30, que ocorre até 21 de novembro em Belém. As negociações com a Índia estão paralisadas, enquanto Japão e Reino Unido demonstraram interesse, mas ainda não formalizaram adesão.

O país também aguarda promessas da Holanda e do Canadá, esperadas apenas para o próximo ano. Nenhum banco multilateral de desenvolvimento confirmou aporte até o momento.

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Na terça-feira, o Banco Europeu de Investimento (BEI) informou que mantém conversas com a Comissão Europeia sobre possível apoio ao fundo. “O princípio básico — de que é preciso recompensar países que não destroem florestas — é totalmente legítimo”, afirmou o vice-presidente do BEI, Ambroise Fayolle, em entrevista em Belém.

Separadamente, o banco europeu anunciou uma contribuição de € 50 milhões (US$ 58 milhões) a um fundo de reflorestamento administrado pela gestora Ardian.

De acordo com uma das fontes, outro banco de desenvolvimento ocidental, com histórico de investimentos climáticos, recusou participar do TFFF após ter sido procurado pelo governo brasileiro.

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Pressão por novos aportes e primeiros sinais do setor privado

Treze ONGs alemãs divulgaram nesta terça-feira uma carta aberta ao chanceler Friedrich Merz, pedindo que a Alemanha anuncie um investimento de US$ 2,5 bilhões no fundo. O compromisso de US$ 3 bilhões da Noruega, distribuído ao longo de dez anos, depende de que outros países também contribuam com montantes relevantes, segundo os termos do acordo.

“Consideramos politicamente crucial que o valor anunciado seja especificado durante a conferência do clima em Belém”, diz a carta das organizações. “Isso ajudaria a manter o impulso do TFFF, garantiria à Alemanha influência em sua governança por meio de um assento no conselho, evitaria que os recursos da Noruega expirassem e mobilizaria contribuições adicionais.”

Entre os investidores privados, há sinais iniciais de interesse. A Fundação Minderoo, financiada pelo bilionário australiano Andrew Forrest, anunciou aporte de US$ 10 milhões.

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“O mérito disso é reunir um volume significativo de capital dedicado à preservação das florestas — e que realmente funciona”, disse Forrest em entrevista. “Recebemos retorno financeiro, e, melhor ainda, ajudamos a salvar as florestas tropicais do mundo. Não se trata de compensação de carbono.”

© 2025 Bloomberg L.P.

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