“Crime organizado está se infiltrando no financiamento de campanhas”, diz Hugo Motta

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou nesta quarta-feira (5) que o crime organizado tem se infiltrado no financiamento de campanhas eleitorais no Brasil. O alerta foi feito durante o Fórum de Buenos Aires, evento promovido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, que reuniu autoridades latino-americanas para discutir democracia, segurança e Estado de Direito.

“Infelizmente, o crime organizado está se infiltrando no financiamento de campanhas, sejam elas municipais, estaduais ou nacionais, e nós temos que enfrentar esse tema. Senão, daqui a pouco, vai estar aqui nesse Congresso um presidente da Câmara que foi eleito financiado pelo crime organizado, e não é isso que nós queremos para o nosso país. Isso só se enfrenta com coragem”, afirmou Motta.

O deputado defendeu que o Congresso Nacional lidere uma reforma do sistema eleitoral que coíba a entrada de recursos ilícitos na política e fortaleça a transparência. “Essa discussão será mais um passo importante, diante das últimas reformas já realizadas, que ajudaram a reduzir o número de partidos e a estabelecer cláusulas de desempenho”, disse.

Motta também ressaltou o papel do Parlamento na preservação da democracia e no equilíbrio institucional. “O Congresso foi, ao longo desse período democrático, a grande âncora para manter a nossa democracia forte, muitas vezes funcionando como um poder mediador e controlador da responsabilidade fiscal do país”, afirmou.

Além de cobrar medidas contra o crime político, o presidente da Câmara defendeu o avanço das reformas estruturais, como a administrativa, e destacou o impacto das mudanças previdenciária e trabalhista no equilíbrio das contas públicas. “O Parlamento teve a oportunidade de enfrentar grandes reformas. Agora, temos de seguir com a administrativa, com responsabilidade e diálogo”, completou.

Ao encerrar sua fala, Motta elogiou a postura institucional do ministro Gilmar Mendes e a importância do diálogo entre os poderes. “Nós gozamos de um ministro da Suprema Corte que é uma unanimidade dentro e fora do Parlamento, um homem público com sensibilidade e capacidade política para contribuir com o fortalecimento do país”, disse.