O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) admitiu que a esquerda tem dificuldades em dialogar com o público evangélico e que precisa “fazer as coisas diferente” para 2026, ano em que deve disputar a reeleição. O petista tem um alto grau de rejeição desta denominação religiosa, fortemente favorável ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O reconhecimento ocorreu horas depois de um encontro com representantes da Assembleia de Deus Ministério de Madureira no Palácio do Planalto, que teve a participação do advogado-geral da União, Jorge Messias, cotado para a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF). Há a expectativa que a indicação ocorra ainda nesta sexta (17).
“2026 é um ano sagrado. Nós temos que fazer as coisas diferente. […] Evangélico não é contra nós, nós é que não sabemos falar com eles. O erro está na gente, não está neles. […] Nós nos distanciamos do povo”, afirmou Lula em um discurso no congresso do PcdoB na noite desta quinta (16), em Brasília.
Lula também reconheceu que o discurso da esquerda e as ideias progressistas muitas vezes não são entendidas por parte considerável da população, e que fica restrito à militância.
“Nossa linguagem e nosso discurso estão muito distantes do nível de compreensão de milhões de pessoas que gostariam de nos escutar. […] Nosso desafio é convencer os outros, que ainda não são nossos, a vir com a gente”, pontuou.
Para o petista, a esquerda “esquece de falar para milhões de pessoas que não são organizadas e muitas vezes até gostariam de participar, mas nem são convidadas”. E também disparou contra o mercado financeiro, afirmando que “a gente não tem que dar muita importância para a Faria Lima, nosso discurso é para o povo”.
Em meio às falas sobre aproximação com diferentes setores, o presidente não poupou críticas à oposição e ao Congresso Nacional. Chamou Bolsonaro de “figura politicamente grotesca” e disse que o Parlamento “nunca esteve tão ruim como hoje”.
“Esses dias eles aprovaram uma PEC que protegia quadrilha. Que loucura é essa”, questionou referindo-se à PEC da Imunidade.
Lula voltou a pressionar o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), a cassar o mandato do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), alvo constante de suas críticas.
No evento do PC do B, estiveram presentes ministros, dirigentes partidários e representantes de partidos aliados, como Gleisi Hoffmann, Sidônio Palmeira, Alexandre Silveira, Wolney Queiroz, Edinho Silva, João Campos e Renata Abreu.
A cerimônia também contou com representantes dos partidos comunistas da China e de Cuba, reforçando a ligação ideológica entre os grupos de esquerda.