O representante de Comércio dos Estados Unidos, Jamieson Greer, afirmou nesta quarta-feira (15) que as novas tarifas impostas ao Brasil foram motivadas por “sérias preocupações com o Estado de Direito, censura e direitos humanos”.
A declaração foi dada em coletiva de imprensa em Washington, na véspera da reunião entre o secretário de Estado, Marco Rubio, e o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, marcada para esta quinta-feira (16) na capital americana. Greer deve participar da reunião entre Rubio e Vieira.
Segundo Greer, há dois regimes tarifários em vigor contra o Brasil. Ele explicou que o primeiro “é a tarifa recíproca de 10% sobre o Brasil, que é aplicada a todos os países do mundo e faz parte de nossos esforços para controlar o déficit comercial global, que é um grande problema para nós”.
O segundo, de acordo com Geer, é a tarifa adicional de 40%, “que está sob um regime de emergência separado”. A medida está relacionada “a sérias preocupações com o Estado de Direito, censura e direitos humanos no Brasil”, onde, segundo o representante americano, “um juiz brasileiro assumiu para si o poder de ordenar que empresas americanas se autocensurem, emitindo ordens secretas para controlar o fluxo de informações, bem como decisões que afetam a aplicação da lei em relação a opositores políticos no país”.
O secretário de Comércio dos EUA, Scott Bessent, também comentou o caso, mencionando “a detenção ilegal de cidadãos americanos que estavam no Brasil”, em referência a episódios envolvendo norte-americanos e cidadão com dupla cidadania que relataram ações arbitrárias da Justiça brasileira.
Bessent não citou diretamente quais foram os casos, mas, ao que tudo indica, ele pode estar se referindo a casos como a detenção do aliado do presidente Donald Trump, Jason Miller, que foi impedido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de deixar o Brasil em 2021 para prestar depoimento, além de mandados de prisão expedidos por Moraes contra brasileiros que atualmente residem em solo americano.
A fala de Greer ocorre num momento de aparente distensão diplomática, com o chanceler Mauro Vieira estando em Washington desde segunda-feira (13) para participar do encontro desta quinta. Segundo informações do G1, o Itamaraty pretende levar as tarifas à mesa de negociação com Rubio, embora o governo brasileiro reconheça que o foco dos Estados Unidos deve estar na preparação do futuro encontro entre os presidentes Lula e Trump.