O deputado federal Jefferson Campos (PL-SP) cobrou no plenário da Câmara posicionamentos oficiais do Ministério das Relações Exteriores, o Itamaraty, e da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara (CREDN) sobre a ação do governo da China, que prendeu neste mês pelo menos 30 pastores e líderes da Igreja Zion, uma das maiores congregações cristãs evangélicas não registradas do país.
Segundo Campos, as prisões tiveram grande repercussão no meio cristão brasileiro após a publicação de uma reportagem da Gazeta do Povo contando o caso no último dia 13.
“Nos foi informado pela Gazeta do Povo e também por agências internacionais da perseguição, da tomada de posição do governo em relação àqueles que professam a fé cristã, do fechamento de igrejas, retirada de cruzes, apreensão de bíblias e nós tomamos a posição de levar ao Itamaraty, à Comissão de Relações Exteriores da Câmara, da qual eu faço parte, este questionamento”, disse.
“O Brasil não é apenas parceiro comercial. O Brasil é signatário da Declaração Universal de Direitos Humanos da ONU, que nos garante a liberdade religiosa. E a China através dessas ações tem feito com que o evangelho e a religião sejam perseguidos e líderes sejam presos”, disse.
O deputado, que também é pastor, afirmou querer saber se há brasileiros entre os presos, pois há missionários do Brasil atuando no país. Ele propôs que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva intervenha no caso e dialogue com Pequim para acabar com os abusos.
O regime comunista comandado por Xi Jinping prendeu pelo menos 30 pastores e líderes da Igreja Zion, uma das maiores congregações evangélicas independentes da China. A operação, deflagrada simultaneamente em diversas províncias, foi classificada como a mais ampla repressão a igrejas não registradas desde 2018. Entre os detidos está o pastor Ezra Jin Mingri, fundador da Zion Church, acusado de “uso ilegal de redes de informação” — crime que pode resultar em até sete anos de prisão.
No plenário da Câmara, Jefferson Campos cobrou uma posição firme do governo brasileiro. “Trinta pastores foram presos simplesmente por exercerem o direito à fé, realizando cultos e orações sem autorização do Estado. Isso é uma afronta à liberdade religiosa e à própria dignidade humana”, afirmou.
O deputado destacou que o Brasil, sendo uma nação de maioria cristã, “não pode permanecer indiferente a essa brutal perseguição que tenta apagar qualquer expressão de fé não controlada pelo governo chinês”.
O deputado disse que está enviando ofícios ao Ministério das Relações Exteriores e à Comissão de Relações Exteriores da Câmara, com base nos fatos relatados na reportagem, solicitando que o Executivo e o Legislativo se pronunciem oficialmente sobre os abusos.
A prisão dos pastores integra uma política de Estado que busca alinhar as práticas religiosas à ideologia do Partido Comunista Chinês. Desde 2018, o regime intensificou o controle sobre igrejas cristãs independentes, com demolições de templos, censura de Bíblias e intimidação de fiéis.
O objetivo da China seria enfraquecer a influência de congregações que não se submetem ao Movimento Patriótico das Três Autonomias (TSPM), órgão oficial que supervisiona as igrejas evangélicas sob controle estatal.
O caso também provocou reações internacionais. O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, condenou as prisões e exigiu a libertação imediata dos religiosos, afirmando que a ação “demonstra como o Partido Comunista Chinês é hostil a cristãos que rejeitam a interferência do Estado em sua fé”.
O deputado encerrou o discurso pedindo apoio dos colegas e do governo brasileiro. “Estamos falando de homens e mulheres presos por professarem o nome de Jesus Cristo. O Brasil deve agir com firmeza e solidariedade diante dessa violação inaceitável de direitos humanos”, declarou.