A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS rejeitou, nesta quinta-feira (9), um requerimento do deputado Carlos Jordy (PL-RJ) que pedia a quebra de sigilo de Paulo Augusto de Araújo Boudens, ex-assessor do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). O pedido teve 17 votos contrários e 13 favoráveis.
Segundo a revista Veja, Boudens teria recebido R$ 3 milhões da empresa Arpar Participações, apontada pela Polícia Federal como uma das envolvidas em lavagem de dinheiro e pagamento de propina.
A reportagem procurou a defesa de Boudens e a assessoria de Alcolumbre para comentar o caso, mas não obteve resposta.
Entre setembro de 2023 e fevereiro de 2024, a Arpar movimentou R$ 98 milhões. Cerca de R$ 50 milhões teriam vindo de Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, considerado um dos principais articuladores das fraudes. Para a PF, a Arpar atuava como uma “empresa de passagem”, já que os recursos recebidos eram rapidamente transferidos para terceiros.
Em depoimento à CPI, Antunes explicou que o dinheiro se referia à compra de títulos de dívida da empresa, pelos quais recebia juros.
Embora não haja clareza sobre os motivos dos repasses entre a Arpar e Boudens, parlamentares da oposição entenderam que a relação entre o advogado e a empresa justificava o requerimento de quebra de sigilo.
“Esse aqui é um requerimento essencial para mostrarmos que essa CPMI realmente é imparcial e que quer investigar a todos, doa a quem doer. E não estamos fazendo nenhum julgamento de valor aqui a respeito do senador Davi Alcolumbre. Vocês [governistas] é que estão fazendo”, afirmou Carlos Jordy.
Defendendo a rejeição do requerimento, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) acusou a oposição de tentar implicar Alcolumbre nas investigações.
“Há uma manifestação explícita aqui de tentar colar no presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre, qualquer relação com essa investigação que nós estamos fazendo aqui, e a gente não vai permitir que isso ocorra”, afirmou a senadora.