Em meio a uma disputa com o Palácio do Planalto sobre a permanência dos ministros André Fufuca e Celso Sabino no governo federal, o União Brasil e o PP, em aliança com a oposição, foram os principais responsáveis pela derrota sofrida pelo presidente Lula nesta quarta-feira, na Câmara dos Deputados. A rejeição da medida provisória que substituía o aumento do IOF, e que pode gerar um rombo de R$ 42,3 bilhões nos próximos anos, foi o resultado de uma articulação das lideranças das duas siglas após a desobediência dos dois ministros, que se recusaram a deixar seus cargos.
A medida provisória foi derrotada com um placar de 251 a 193. Os deputados votaram um requerimento para retirar o projeto de pauta o que, , como o prazo para a apreciação da medida provisória irá expirar, na prática, o voto foi pela rejeição do projeto. A votação agrava ainda mais o impasse do governo com duas das principais siglas do Centrão. Lideranças governistas classificaram a articulação de União e PP de sabotagem eleitoral para favorecer o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, preferido dos dois partidos para ser o adversário de Lula nas eleições do ano que vem.
No PP, 97% votaram pela derrubada da medida provisória e no União Brasil, 90% — desconsiderando os deputados ausentes. Dos 92 votos somados das duas siglas, 86 foram contra a medida do governo federal. O posicionamento das duas legendas foi um contraste com o comportamento de outros partidos alinhados ao Centrão e também com ministérios no governo Lula, por exemplo.
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O MDB e o PSD, por exemplo, se dividiram: nos dois partidos, cerca de 53% dos deputados votaram a favor e 47% contra. Mesmo o Republicanos, partido do governador Tarcísio de Freitas, embora tenha se posicionado majoritariamente contra a proposta, registrou dissidências à orientação do partido: 25% dos parlamentares do partido votaram a favor do governo.
Nesta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a postura de União Brasil e PP, que ameaçam punir ou até mesmo expulsar Celso Sabino e André Fufuca, respectivamente, caso eles mantenham a decisão de continuar no governo.
“Se as coisas estão dando certo, por que mexer? Por que essa pequenez de achar que atrapalhar um bom ministro que está fazendo um bom trabalho? Foi raiva? Foi inveja? Quando chegar a época das eleições, cada um vai para o canto que quiser”, disse Lula.
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A decisão do governo Lula de endurecer o tom com os partidos do Centrão ocorre em um momento de aumento da popularidade do governo. Segundo pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira, a diferença entre a desaprovação e aprovação do governo, que há seis meses era de 17 pontos, caiu para apenas um ponto percentual. Agora, 49% dos eleitores ouvidos pelo instutto desaprovam o governo e 48% aprovam. Em maio, 57% rejeitavam o trabalho do governo e 40% julgavam que o presidente Lula fazia uma boa gestão.
Durante a sessão desta quarta-feira, deputados governistas indicaram que a posição dos deputados poderá, novamente, ser um tiro no pé.
“Sabe o que vai acontecer? Infelizmente vai crescer, no seio do povo, a tese de que este Congresso tem se posicionado como inimigo do povo brasileiro. Eu acho sinceramente que vai haver reação, como houve na PEC da blindagem”, afirmou o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, em referência aos protestos após a aprovação, na Câmara, do projeto que dificultava investigações contra parlamentares.