terça-feira , 7 outubro 2025
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“Lula 4” volta ao radar e impõe desafio ao plano de união entre direita e centro-direita em 2026

Apesar de ser rejeitado pelo mercado, agronegócio, Centrão e parte expressiva do eleitorado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a se mostrar competitivo para a reeleição em 2026. A desaprovação crescente vista desde a posse tomou novo rumo há três meses, escalando a pressão sobre a direita, na busca por uma ampla aliança no pleito presidencial para enfrentar o petista.

Segundo políticos e analistas, Lula, às vésperas de completar 80 anos, surge fortalecido menos por entusiasmo popular e mais por restrições impostas à oposição. O maior rival do petista, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi condenado a 27 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e está isolado de qualquer contato exterior por medidas cautelares. Mesmo antes da condenação, Bolsonaro já estava inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Com o maior líder da direita silenciado, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), desponta como a opção mais viável para desafiar Lula nas urnas, mas ainda não é consenso na direita, sobretudo na família Bolsonaro, cujo maior obstáculo é o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que quer brigar pela Presidência, enquanto enfrenta perseguição do STF e risco de cassação do mandato. Ele acompanha a situação dos Estados Unidos, onde vive atualmente.

Nas últimas pesquisas sobre intenção de voto para 2026, Lula apareceu na liderança. O presidente registrou 48,2% das intenções de voto no primeiro turno, contra 30,4% de Tarcísio, segundo a AtlasIntel/Bloomberg divulgada no último dia 17. O levantamento ouviu 7.291 pessoas de 10 a 14 de setembro, com margem de erro de um ponto. Lula estava na dianteira mesmo em cenário de polarização acirrada.

Já a Genial/Quaest, publicada no dia 18, apontou Lula com 43% contra 35% de Tarcísio em simulação de segundo turno. A pesquisa ouviu 2.004 eleitores entre 12 e 14 de setembro, com margem de dois pontos e 95% de confiança. O quadro mostra o petista à frente em vários cenários, atestando sua vantagem na largada da corrida presidencial.

Entrada da Casa Branca no jogo político criou um novo ambiente para Lula

Boa parte dessas tensões advém da entrada da Casa Branca no jogo político brasileiro, afetando negociações entre direita e centro. Se a intervenção americana via tarifas comerciais alimentou esperanças de anistia e até de volta dos direitos políticos de Bolsonaro, ela também deu munição a Lula, que as explora como agressão à soberania do país.

O tarifaço do presidente americano Donald Trump acabou ajudando a desacelerar a inflação de alimentos e ainda arrefeceu o discurso oposicionista sobre o tema. Nesse ambiente, Lula tenta driblar desgastes, como o escândalo de desvios no INSS, enquanto anuncia medidas eleitoreiras, como subsídios para baixa renda no botijão de gás e na eletricidade, e ainda a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês.

Ciro Nogueira alerta para risco de se perder o foco principal: vencer Lula

Diante do impasse gerado por Eduardo Bolsonaro, o senador Ciro Nogueira (PP), líder da federação União Progressista, vem alertando em entrevistas e mensagens nas redes sociais para o risco de a falta de união entre a centro-direita e a direita “entregar de bandeja” a eleição a Lula. Para ele, divergências internas estariam já “passando dos limites”.

O recado ocorre em meio à pressão por uma candidatura de consenso, com Tarcísio citado como nome mais competitivo. A crítica de Nogueira e o seu “apelo ao bom senso”, relembrando que o foco principal deve continuar sendo “vencer Lula em 2026”, expõem fraturas da oposição, dividida entre pautas como a do projeto da anistia na Câmara.

Para analistas, apesar de Lula ter um teto baixo de popularidade e uma elevada rejeição, a ausência de um adversário com densidade eleitoral amplia a sensação de que o petista largou em vantagem. Esse cenário pode ser mudado por fatos novos — crise econômica, denúncias ou fenômeno político inesperado. Mas, por ora, o “Lula 4” – ou seja, o hipotético quarto mandato do petista à frente do Palácio do Planalto – voltou a ser colocado em discussão.

A variação no cenário eleitoral está no radar dos investidores, mas ainda não produziu alardes. Alguns poucos analistas de mercado pedem ajustes no mapa de riscos, lembrando que uma elevada polarização pode tornar o resultado da eleição ainda mais imprevisível, com reflexos sobre a economia.

Analistas reconhecem a reação de Lula, mas apostam em desfechos distintos

O cientista político e consultor eleitoral Paulo Kramer afirma não haver dúvida de que Lula voltou a ficar competitivo. Prova disso está na reação do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), após a reunião entre Jair Bolsonaro e Tarcísio de Freitas na segunda-feira (29), defendendo a unidade da direita e centro-direita para “varrer o lulopetismo” do Brasil em 2026.

Segundo Kramer, há, sim, chance de o “Lula 4” se tornar viável. “O governo tem ampliado gastos públicos e, recentemente, encontrou um tom mais eficaz em sua propaganda”, disse. “Esse ajuste projeta Lula com mais força junto ao tradicional eleitor de baixa renda, ao mesmo tempo em que faz acenos para outros segmentos da sociedade”.

Para o cientista político Ricardo Caldas, o “Lula 4” nunca deixou de estar no horizonte. “A verdadeira questão é se a oposição será capaz de se unir e apresentar uma alternativa viável a ele”, avaliou. Com histórico de altos e baixos, mas sempre buscando estar presente, o petista não deveria ser subestimado pelos adversários, sublinhou o especialista.

Caldas vê a recuperação recente na popularidade de Lula muito ligada ao tarifaço imposto por Trump, que lhe ofereceu nova bandeira política: a soberania nacional — justamente a que mais criticava em Bolsonaro. “Ao repetir o discurso patriótico do rival, Lula busca dar consistência à sua candidatura e, ainda, reconquistar o eleitor de centro”, disse.

O especialista acrescenta que o cenário seguirá indefinido enquanto Tarcísio enfrentar resistência de conservadores, o que dá margem para a multiplicação de candidaturas.

Na esquerda, Lula segue sem concorrentes internos. “Um fator novo pode surgir caso Trump consiga dissociar tarifas ao Brasil da crítica ao ativismo judicial”.

“Lula 4” pode perder fôlego com reveses na economia e efeitos do front externo

Já o cientista político Antônio Flávio Testa afirma que o ressurgimento do “Lula 4” no cenário eleitoral não se sustentará por muito tempo. Segundo ele, o esforço do PT para reposicionar Lula como contraponto às investidas de Trump na América Latina tende a perder força quando o combate ao narcotráfico for explicitado como prioridade americana na região.

Nessa conjuntura, restará a Lula apostar na aprovação pelo Congresso de medidas eleitoreiras. Porém, o governo terá de lidar com o desgaste provocado pela CPMI do INSS e com eventuais efeitos negativos das sanções comerciais dos Estados Unidos, hoje enfrentados menos pela diplomacia e mais pelo marketing político do Planalto.

O desafio mais crítico para Lula, segundo ele, será manter promessas eleitorais e oferecer benefícios sociais, tendo de, ao mesmo tempo, atender às demandas do setor produtivo sem ampliar ainda mais a carga tributária sobre a economia. “A Receita Federal já esgotou a sua capacidade de elevar impostos e taxas”, disse.

Do lado da oposição, Testa vê o quadro como desafiador em meio à fragmentação. “A ofensiva de Eduardo Bolsonaro para se firmar como presidenciável, substituindo o pai na disputa de 2026, dependerá basicamente do sucesso contínuo da estratégia vinda da Casa Branca. Essa condição, contudo, carrega riscos muito elevados”, finalizou.

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