Um ex-funcionário do empresário Carlos Carlos Camilo Antunes, conhecido como o “Careca do INSS”, relatou em depoimento à Polícia Civil de São Paulo que teria sido ameaçado por ele.
Em boletim de ocorrência obtido pelo GLOBO, o homem afirmou que Antunes o procurou para que ele o entregasse “celulares, notebooks e um Ipad” que teriam informações sigilosas sobre o empresário. Os dois começaram a brigar e a conversa teria descambado para uma ameaça.
O episódio foi citado nesta quinta-feira pela CPI do INSS, mas sem um detalhamento sobre o relato da suposta vítima.
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“Como Antonio Carlos passou a xingar e a gritar com a vítima esta se levantou e foi até a porta da sala onde a reunião ocorria. Antonio Carlos, então, foi até a vítima para abrir a porta e disse ‘se você não me entregar os aparelhos e abrir a boca eu vou meter uma bala na sua cabeça’”, diz o relato da testemunha registrada no 23 Distrito Policial de Perdizes, em São Paulo, em 2 de setembro de 2025.
O depoimento da testemunha foi citado pela Polícia Federal para pedir a prisão de Antunes, que foi deferida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Mores, em 12 de setembro.
A ameaça de morte também foi mencionada nesta quarta-feira pelo relator da CPMI do INSS, deputado Alfredo Gaspar (União-AL). O parlamentar perguntou ao empresário “por que ele ameaçou de morte” a testemunha de “fatos que nos levam ao roubo dos aposentados”. E acrescentou qual seria a sua responsabilidade “se ela viesse vier a tombar por balas assassinas”.
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O careca do INSS se recusou a responder às perguntas de Gaspar, mas no início da sessão declarou que estava sendo vítima de uma retirada tentativa de “extorsão frustrada”.
— No que diz respeito às circunstâncias que culminaram na decretação da minha prisão preventiva, gostaria de esclarecer, para que todos os brasileiros saibam e para que essa versão também circule na mídia, que um indivíduo com quem mantive relações comerciais, insatisfeito após reiteradas tentativas de extorsão frustradas e, inclusive, após ter furtado veículos de minha propriedade, fatos esses devidamente registrados na Polícia Civil de São Paulo, onde já houve decisão determinando a restituição dos bens , dirigiu-se à Polícia Federal e apresentou uma série de inverdades — afirmou Antunes.
Durante a sessão no Senado, ele se declarou inocente, um empresário bem sucedido e vítima de uma sequência de “mentiras”.
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Preso sob suspeita de tentar atrapalhar as investigações, Antunes é apontado como um dos principais operadores do esquema bilionário de desvio de recursos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Na última segunda-feira, ele prestou depoimento à Polícia Federal, onde também negou as irregularidades.
— Sempre acreditei que a verdade seria suficiente para afastar a mentira dessa investigação. Desde o início mantive uma defesa técnica, mantive meus endereços disponíveis e total disposição para colaborar. Sou o maior interessado em esclarecer os fatos. O indivíduo com o qual mantive relações comerciais, depois de ter furtado veículos da minha propriedade, espalhou uma série de inverdades. As premissas que fundamentaram a minha prisão são equivocadas. Sou um empreendedor nato e não tenho qualquer relação com governos, seja ele municipal, estadual ou federal — disse ele.