O ditador da Rússia, Vladimir Putin, propôs nesta segunda-feira (22) aos Estados Unidos estender por um ano o START III, o último tratado de desarmamento nuclear ainda em vigor entre as duas potências e que expira em 5 de fevereiro de 2026.
“A Rússia está disposta, após 5 de fevereiro de 2026, a continuar por um ano cumprindo as limitações previstas pelo START III”, disse Putin em uma transmissão ao vivo na televisão durante uma reunião do Conselho de Segurança da Rússia.
No entanto, ressaltou que essa medida “só será viável com a condição de que os EUA ajam de maneira análoga e não deem passos que minem ou destruam a atual equivalência de potenciais de dissuasão”.
Putin classificou como um passo “equivocado” e “míope de muitos pontos de vista” uma possível renúncia definitiva dos Estados Unidos ao tratado, que foi assinado em abril de 2010 pelos então presidentes americano, Barack Obama, e russo, Dmitri Medvedev.
“Em particular, repercutiria negativamente, do nosso ponto de vista, na hora de garantir os objetivos do Tratado de Não Proliferação Nuclear”, assinalou.
Ao mesmo tempo em que acusou novamente o Ocidente da “degradação” da estabilidade estratégica, Putin destacou que Moscou considera “justificado” para evitar uma maior corrida armamentista “manter o status quo”.
Em sua opinião, a iniciativa russa poderia contribuir para a criação de uma atmosfera favorável para a retomada do diálogo estratégico com Washington, estagnado há anos.
Por outro lado, pediu aos departamentos correspondentes que analisem “escrupulosamente” as atividades da parte americana em matéria de arsenais estratégicos, sistemas de defesa antimísseis e implantação de armamento no espaço.
Passos desestabilizadores como esses por parte dos Estados Unidos “podem jogar por terra os esforços de nossa parte para manter o status quo no âmbito do START. Reagiremos da maneira adequada”, advertiu.
“Ninguém deve ter nenhuma dúvida. A Rússia está em posição de responder a qualquer ameaça (…), responder não com palavras, mas com a adoção de medidas técnico-militares”, completou.
Putin lembrou que, há alguns meses, o Kremlin renunciou à moratória para a instalação de mísseis de curto e médio alcance como reação à instalação na Europa e na região da Ásia-Pacífico de sistemas análogos americanos e ocidentais “que ameaçam diretamente a segurança da Rússia”.
A Rússia enfatizou em várias ocasiões nos últimos meses que o tempo para renovar o START III, também conhecido como Novo START, estava acabando.
O ditador Putin suspendeu a aplicação do tratado, embora não tenha chegado a abandoná-lo, em 21 de fevereiro de 2023, após o que os especialistas ocidentais não puderam inspecionar as instalações russas.
O tratado limita o número de armas nucleares estratégicas, em um máximo de 1.550 ogivas nucleares e 700 sistemas balísticos para cada uma das duas potências, em terra, mar ou ar.