sexta-feira , 19 setembro 2025
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“ONU faz acusação de genocídio porque tem obsessão contra Israel”, dizem FDI à Gazeta

Rafael Rozenszajn, major das Forças de Defesa de Israel (FDI) e porta-voz em português da instituição, tem uma ligação forte com o Brasil, onde nasceu e foi criado e aonde seu avô chegou após sobreviver ao Holocausto.

Em entrevista exclusiva à Gazeta do Povo, Rozenszajn falou sobre os motivos que levaram as forças armadas israelenses a ter pela primeira vez um porta-voz em português e sobre os desdobramentos recentes da guerra contra o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza, onde uma ofensiva terrestre na Cidade de Gaza teve início nesta semana. Confira:

O senhor é o primeiro porta-voz em português da história das FDI. Como as forças de Israel perceberam essa necessidade de ter um porta-voz em português?

Olha, eu nunca fui porta-voz. Eu sou advogado e me tornei militar, e quando começou a guerra, o exército israelense entendeu que teria uma relevância muito grande ter também um porta-voz que fale português. As Forças de Defesa de Israel têm, em sua unidade de porta-vozes, porta-vozes em diversos idiomas: francês, espanhol, alemão, russo, inglês, logicamente, árabe. E nunca teve um porta-voz que fale português.

Nessa guerra, o Exército entendeu que o Brasil tem uma relevância muito grande e muitos brasileiros não entendem inglês. O povo brasileiro tem interesse muito grande em saber o que realmente acontece aqui em Israel.

E o povo brasileiro também não dá uma credibilidade muito grande aos meios de comunicação tradicionais no Brasil e estava interessado em receber outras fontes de informação. Então, surgiu a necessidade de ter um porta-voz que fale português para se comunicar diretamente com o povo brasileiro no idioma que o povo brasileiro entende.

Vale também frisar que, no começo da guerra, o Brasil era presidente do Conselho de Segurança da ONU. Então, era mais um fator que mostrou a necessidade de poder trazer as informações de uma forma direta para o povo brasileiro.

A desinformação no Brasil é muito grande, são tantas narrativas enganosas sobre o que acontece aqui em Israel e nós estamos nessa luta, na guerra midiática, na guerra de narrativas, para tentar mostrar ao povo brasileiro o que realmente acontece aqui em Israel, porque a guerra não é mais travada somente em campos de batalha, ela é travada também nos meios de comunicação e nós estamos atuando nessa guerra da informação.

Quais são os objetivos da ofensiva na Cidade de Gaza? Qual é a expectativa das FDI sobre encontrar os reféns que seguem nas mãos do Hamas? Há risco de eles serem usados como escudos humanos pelo grupo terrorista nessa operação?

Olha, o Hamas é um grupo terrorista do nível mais cruel que nós podemos imaginar. O Hamas utiliza como estratégia de guerra os civis da Faixa de Gaza como escudos humanos e nós logicamente não podemos descartar a utilização também de nossos reféns como escudos humanos.

Os objetivos dessa guerra são trazer de volta os 48 reféns que ainda estão na Faixa de Gaza nas mãos do Hamas, em locais subterrâneos, quase sem oxigênio, quase sem alimento e água, em condições desumanas; desmantelar a capacidade militar-terrorista do Hamas, garantir que o Hamas não vai continuar governando a Faixa de Gaza, porque o Hamas é um grupo terrorista cruel que diz claramente que seu objetivo é acabar com o Estado de Israel e eliminar o Estado de Israel do mapa.

E nós não podemos permitir que um grupo terrorista como esse, depois que cometeu o ataque de 7 de outubro [de 2023], continue nas nossas fronteiras planejando o próximo 7 de outubro, se armando para concretizar o próximo ataque. Hoje, nós entendemos que o Hamas odeia Israel muito mais do que ama seu próprio povo.

Em 6 de outubro, trabalhavam em Israel 18,5 mil palestinos da Faixa de Gaza. Em 6 de outubro, recebiam tratamentos médicos em Israel 7,5 mil palestinos da Faixa de Gaza. O Hamas sabia que depois de um ataque tão cruel como esse, nenhum palestino da Faixa de Gaza entraria em Israel para receber tratamentos médicos ou trabalhar aqui em Israel, ganhando salários até seis vezes maiores do que poderia ganhar na Faixa de Gaza.

Mas o Hamas não dá nenhum valor ao seu povo, ele dá valor somente à destruição do Estado de Israel. E é por isso que ele cometeu o ataque de 7 de outubro, mesmo sabendo que os palestinos não entrariam mais em Israel.

Por isso que o Hamas utiliza os palestinos como escudos humanos. É por isso que o Hamas rouba a ajuda humanitária que entra na Faixa de Gaza. É por isso que o Hamas utiliza as casas dos civis para lançar seus foguetes, as escolas como centros de comando, os hospitais para esconder seus armamentos.

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Porque o Hamas quer matar seu povo. O Hamas quer sacrificar o povo palestino em Gaza como estratégia de guerra para acusar Israel e assim tentar causar uma pressão internacional para que essa guerra termine sem que os objetivos de Israel sejam alcançados.

Mas Israel está determinado a alcançar todos os objetivos dessa guerra, porque nós entendemos que está em jogo o futuro existencial do Estado de Israel. Não podemos permitir que um grupo terrorista tão cruel como o Hamas continue ativo na nossa fronteira, aqui na Faixa de Gaza.

Na semana passada, a Assembleia Geral da ONU endossou uma declaração para a criação de dois Estados na região. Como as FDI encaram isso?

É uma questão que tem um viés político muito grande e, logicamente, eu não posso responder. Eu sou porta-voz do Exército israelense, não do governo de Israel. Mas o que eu posso dizer é que em 2005, Israel saiu da Faixa de Gaza; 8 mil israelenses que moravam na Faixa de Gaza foram evacuados à força pelas tropas israelenses. A Faixa de Gaza em 2005 foi entregue para a Autoridade Palestina. E o que nós recebemos?

A Autoridade Palestina poderia avançar para a criação de um Estado palestino na Faixa de Gaza. Mas o que nós recebemos da Faixa de Gaza? Nós recebemos 30 mil mísseis, mais de 500 quilômetros de túneis subterrâneos, 251 pessoas sequestradas como reféns, 1,2 mil pessoas assassinadas, 5,5 mil pessoas feridas, bebês queimados vivos, mulheres estupradas, mais de 20 comunidades invadidas. Isso foi o que nós recebemos depois de entregar para a Autoridade Palestina a Faixa de Gaza, que [depois] passou a ser controlada pelo Hamas [a partir de 2006-2007].

Agora, eu deixo as pessoas que vão ler a entrevista responderem à pergunta sobre a criação nesse momento de um Estado palestino: o que poderia acontecer se outro território fosse entregue à Autoridade Palestina nesse momento e ele fosse tomado por um grupo terrorista como o Hamas, da mesma forma como aconteceu na Faixa de Gaza?

Nesta semana, um relatório de uma comissão das Nações Unidas alegou que houve genocídio na Faixa de Gaza. Como as FDI reagem a essa conclusão?

A comissão de inquérito, que foi nomeada para verificar atos de genocídio das Forças de Defesa de Israel, foi nomeada pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU. Esse conselho tem uma obsessão contra o Estado de Israel.

Para você ter noção, mais de 60% das decisões do Conselho de Direitos Humanos da ONU são contra Israel. Se você juntar todas as outras decisões do Conselho de Direitos Humanos da ONU, você não chega aos pés da quantidade de resoluções que foram feitas contra Israel.

Você junta as resoluções contra o Irã, contra a Coreia do Norte, contra a Venezuela, elas não chegam à metade das resoluções que foram feitas contra Israel. Contra o Irã, por exemplo, foram dez resoluções contra o Irã, contra Israel foram mais de cem nos últimos dez anos.

Então, temos que ter muita cautela quando nós estamos baseando alguma conclusão em um órgão que foi criado pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, que tem uma obsessão por condenar Israel.

Inclusive, tem uma decisão do Conselho de Direitos Humanos da ONU: toda reunião do Conselho de Direitos Humanos da ONU tem que começar com uma análise sobre a atuação de Israel nos territórios palestinos. Isso é uma coisa sem precedentes em relação a qualquer país do mundo. Então, estava muito claro desde que a comissão foi nomeada que essa seria a conclusão.

Agora, nesse momento, tem um processo que está em andamento, que foi apresentado pela África do Sul, inclusive o Brasil infelizmente entrou como parte da petição contra o Estado de Israel, na Corte Internacional de Justiça [CIJ], e eu pergunto: se tem um tribunal que está julgando exatamente acusações de genocídio, por que precisa de uma comissão para investigar o que o tribunal já está investigando? É porque tem uma obsessão por condenar Israel.

Agora, vamos aos fatos. Segundo o Hamas, de 55 mil a 60 mil pessoas morreram na Faixa de Gaza desde o começo da guerra. Todo dia, publicam os detalhes, das pessoas que morreram na Faixa de Gaza, a quantidade de mulheres, a quantidade de idosos, de crianças, jornalistas, equipe médica.

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Por que o Hamas não publica a quantidade de terroristas que morreram na Faixa de Gaza? Por que o Hamas não publica o número de pessoas que foram assassinadas pelo próprio Hamas na Faixa de Gaza nesses dois anos?

Ou as pessoas que morreram pelos 10% daqueles 15 mil mísseis que foram lançados em direção a Israel que falharam e aí explodiram na Faixa de Gaza? Foram cerca de 1,5 mil mísseis, como aquele que explodiu no hospital Al-Ahli e matou dezenas de pessoas.

O que mais o Hamas não publica? Mortes naturais. Depois de 7 de outubro, segundo o Hamas, não existem mais mortes naturais em Gaza. Não existem idosos que morrem, não existem pessoas enfermas que morrem na Faixa de Gaza. Todos que morrem na Faixa de Gaza, segundo o Hamas, são civis e morrem por bombardeios israelenses.

Agora, vamos continuar o seguinte pensamento. Vamos subtrair dos números do Hamas, dos 55 mil, nós não sabemos quantos morreram na Faixa de Gaza, mas, para essa análise, eu estou disposto a aceitar os números do Hamas. Dos 55 mil, vamos tirar os terroristas que foram eliminados por Israel: 25 mil terroristas foram eliminados pelo Exército israelense.

Vamos tirar também os que morreram por mortes naturais. Segundo a Autoridade Palestina, todos os anos ocorrem 6,5 mil mortes naturais em Gaza. Vamos colocar 10 mil. Seria mais, mas nesses quase dois anos de guerra, vamos colocar 10 mil. E eu não vou nem colocar na conta quantos morreram por mísseis que falharam e caíram na Faixa de Gaza, porque eu não sei quantos morreram por isso.

Então, vamos dizer que foram 25 mil terroristas, mais 10 mil [pessoas] por mortes naturais, dá 35 mil. Quantos sobraram, ou seja, quantos civis morreram em Gaza? Vinte mil, certo? Ou seja, 25 mil terroristas e 20 mil civis. Quer dizer, para cada terrorista morreu menos de um civil.

Bombardeio israelense na região da Cidade de Gaza na última terça-feira (16) (Foto: EFE/EPA/ATEF SAFADI)

Cada civil que paga o preço da guerra é uma tragédia, inclusive tem uma expressão em hebraico que diz que o sangue do meu coração sai em direção a eles, quando vejo um civil, uma criança sendo enterrada na Faixa de Gaza. É uma tragédia, mas eles são utilizados como estratégia pelo Hamas.

Mas quando os civis morrem em guerras urbanas como essa na Faixa de Gaza, em relação a militares, segundo um relatório da União Europeia de 2009, a cada militar que morre em guerras urbanas como essa na Faixa de Gaza, morrem nove civis.

E um relatório independente de 2022 do Conselho de Segurança da ONU concluiu também que 90% dos mortos em guerras urbanas são civis. Ou seja, na Faixa de Gaza, que é uma das guerras mais urbanas travadas na história moderna, morreram 25 mil terroristas. Quantos civis teriam que ter morrido, segundo os números da ONU? Teriam que ter sido 225 mil. Mas não morreram 225 mil civis, morreram 20 mil civis.

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Então a pergunta que tem que ser feita não é se está ocorrendo genocídio em Gaza e não é como morrem tantos civis em Gaza, e sim que mágica o Exército israelense faz para que morram tão poucos civis na Faixa de Gaza em relação a qualquer outra guerra urbana ao redor do mundo.

Eu mostro que isso não é uma mágica. A resposta é uma série de ações que Israel faz sem precedentes em guerras urbanas para minimizar danos a civis. E quais são essas ações? Nós já fizemos mais de 150 mil ligações para civis para evacuar, não estamos falando em chamadas automáticas, mas de ligações [de fato], respondendo perguntas, esclarecendo fatos.

Lançamos mais de 9 milhões de panfletos explicando para onde os civis precisam evacuar, nós fizemos zonas humanitárias, corredores humanitários, pausas humanitárias. Nós abortamos dezenas de ataques aéreos porque civis apareceram de uma forma inesperada nas proximidades dos alvos que seriam atacados. Nós utilizamos inteligência precisa e armamentos cirúrgicos para minimizar o máximo possível os danos a civis na Faixa de Gaza.

E é por isso que não tem 225 mil civis mortos em Gaza, tem 20 mil. Então, quem faz todas essas ações para minimizar danos a civis, como pode ser acusado de genocídio?

Esse processo na Corte Internacional de Justiça, para acusar um país de genocídio, você precisa descartar qualquer outra alternativa razoável que possa explicar os fatos que estão ocorrendo. Ou seja, para acusar Israel de estar cometendo genocídio, essa comissão [da ONU] precisa ter a garantia de nenhuma outra explicação sobre o que acontece em Gaza.

Será que não pode ser que um grupo terrorista quer eliminar Israel e Israel está se defendendo? Não pode ser que os civis estão sendo utilizados como escudos humanos? Que a morte de civis está sendo utilizada como estratégia de guerra pelo Hamas? Que o Hamas está roubando a ajuda humanitária que entra para os civis? Será que essa dúvida não é razoável?

É necessário que essa comissão chegue à conclusão de que não está sendo cometido o extermínio de um povo. Ela precisa chegar a uma conclusão que tenha uma outra interpretação que possa ser razoável. E por que não chegaram a essa conclusão? Por causa da obsessão para condenar o Estado de Israel. Isso precisa estar claro para todos.

Brasil e Israel vivem um momento de tensão diplomática, depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi declarado persona non grata pelo governo israelense após ter comparado a ofensiva em Gaza ao Holocausto. Além disso, o governo petista retirou o Brasil da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA) e aderiu à ação da África do Sul na CIJ contra Israel. Qual a posição das FDI sobre essas movimentações e sobre esse momento nas relações entre os dois países?

É uma questão política, infelizmente eu não posso responder à sua pergunta, mas eu não vou te deixar sem nenhuma resposta. O que eu quero dizer é que o meu avô foi sobrevivente do Holocausto. Meu avô era polonês. Ele esteve no campo de concentração de Auschwitz na Segunda Guerra Mundial.

Depois da guerra, nenhum país estava disposto a aceitar meu avô. Eu tenho uma gratidão muito grande pelo povo brasileiro, que recebeu meu avô de braços abertos em Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro. Eu nasci e fui criado no Brasil, tenho um amor muito grande pelo povo brasileiro.

E por isso é uma lástima muito grande saber que as relações entre o Brasil e Israel não estão tão boas como eram.

Eu espero que as relações voltem a ser da melhor forma possível. E que todos que criticam Israel entendam o que realmente acontece aqui, como eu acabei de te explicar, que Israel está lutando essa guerra não contra o povo palestino, e sim contra um grupo terrorista que quer eliminar Israel do mapa, da mesma forma como qualquer país soberano faria numa situação como essa. Inclusive, eu não tenho dúvida, o Brasil.

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