A má fase política do presidente da Argentina, Javier Milei, continua: nesta quarta-feira (17), a Câmara dos Deputados rejeitou os vetos do mandatário a duas leis aprovadas no Congresso.
Os vetos de Milei haviam sido impostos a uma lei que obriga o Estado a aumentar o financiamento das universidades públicas do país (foram 174 votos a favor da derrubada, 67 contra e duas abstenções) e a outra que declara estado de emergência na saúde pediátrica e determina a alocação de mais verbas para o setor (neste caso, foram 181 votos a favor da derrubada do veto, 60 contra e uma abstenção).
Os vetos agora devem ser debatidos no Senado, onde as duas leis, se também obtiverem pelo menos dois terços dos votos, entrarão em vigor.
O debate na Câmara dos Deputados foi acompanhado do lado de fora do Parlamento por estudantes e professores universitários, profissionais de saúde e outros grupos que protestavam contra as políticas de austeridade de Milei.
Deputados do partido A Liberdade Avança (LLA, na sigla em espanhol), legenda do presidente, acusaram os parlamentares que votaram pela derrubada dos vetos de irresponsabilidade e politicagem.
“Não importa quanto dinheiro o presidente Milei colocou no orçamento. Sabe por que eles [oposição] fizeram isso? Porque eles são canalhas, golpistas e sem-vergonha”, disse o deputado libertário Gerardo Huesen, segundo informações do jornal Clarín.
“Não se trata do orçamento; trata-se de eles quererem usar as instituições para fazer política porque querem voltar [à Casa Rosada]”, acusou.
Milei, cujo partido está em minoria em ambas as casas do Congresso argentino, vem sofrendo derrotas no Parlamento: além das leis aprovadas que ele vetou, o Senado rejeitou em agosto cinco decretos de desregulamentação.
Para piorar, no último dia 7, o LLA perdeu por grande diferença as eleições legislativas da província de Buenos Aires.
O presidente também está pressionado pelas denúncias de corrupção na Agência Nacional de Deficiência (Andis) envolvendo sua irmã e secretária-geral da presidência, Karina Milei.
Em 26 de outubro, será realizada a eleição legislativa nacional, quando estarão em disputa 127 das 257 cadeiras da Câmara dos Deputados federal e de 24 dos 72 assentos do Senado, e Milei espera aumentar a bancada do LLA nas duas casas para reverter a onda de derrotas no Legislativo.