Na sexta-feira (15), após uma reunião no Alasca com o ditador russo, Vladimir Putin, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse em entrevista à Fox News que concordou com o mandatário do Kremlin a respeito da possibilidade de Kiev ceder territórios para que a guerra na Ucrânia acabe.
Nesta segunda-feira (18), antes do seu encontro com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e líderes europeus e da Otan na Casa Branca, Trump voltou a mencionar o assunto, ao dizer na rede Truth Social que o caminho para a paz seria a Ucrânia desistir de recuperar a Crimeia (invadida pela Rússia em 2014) e de entrar na Otan.
Contando a Crimeia, os territórios em quatro províncias ucranianas anexadas por meio de referendos fraudulentos desde a invasão iniciada em 2022 (toda a região de Lugansk e a maior parte de Donetsk, Kherson e Zaporizhzhia estão sob controle russo) e pequenos bolsões nas regiões de Sumy e Kharkiv, Moscou hoje ocupa cerca de 19% do território ucraniano.
No fim de semana, Zelensky admitiu que pode concordar com o congelamento da linha de frente atual para que haja um cessar-fogo. “Precisamos de negociações reais, o que significa que podemos começar onde a linha de frente está agora”, afirmou.
O problema é que uma cessão permanente da Crimeia ou de outros territórios ucranianos, como defendido por Trump, não poderia ser declarada por Zelensky sem consultar a população do país europeu.
O artigo 73 da Constituição local estipula que “questões de alteração do território da Ucrânia são resolvidas exclusivamente por um referendo em toda a Ucrânia”.
A carta diz que referendos por iniciativa popular podem ser convocados se forem coletadas as assinaturas de 3 milhões de eleitores ucranianos em pelo menos dois terços das regiões do país.
Segundo informações da agência Reuters, há forte resistência da população ucraniana à possibilidade de entregar territórios à Rússia: uma pesquisa do Instituto Internacional de Sociologia de Kiev realizada em junho mostrou que 68% dos ucranianos entrevistados se opõem à ideia de reconhecer oficialmente parte das terras ocupadas por Moscou como russas, enquanto apenas 24% admitem essa possibilidade.
De acordo com a mesma pesquisa, 78% são contra a ideia de abrir mão de terras que as tropas de Kiev ainda controlam – exigência feita por Putin, que quer que a Ucrânia ceda as áreas de Donetsk, Kherson e Zaporizhzhia que o exército russo não conseguiu ocupar. A pesquisa não abrangeu moradores de áreas ocupadas pela Rússia.