terça-feira , 26 agosto 2025
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Pressionado, governo adota solução intermediária entre BYD e montadoras

Na recente disputa entre a chinesa BYD e a indústria automotiva nacional, o Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Camex) optou por uma solução de meio termo. Decidiu, em reunião nesta quarta-feira (30), antecipar a aplicação da alíquota total de 35% de imposto de importação para kits de montagem de para janeiro de 2027, ao mesmo tempo em que concedeu à BYD uma cota de US$ 463 milhões (R$ 2,58 bilhões) para importação de kits com tarifa zero por seis meses, enquanto sua fábrica na Bahia se estabelece.

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A disputa teve início com o pedido da BYD para uma redução temporária do imposto de importação sobre carros semidesmontados. A empresa chinesa, que está investindo R$ 5,5 bilhões na implantação de uma fábrica em Camaçari (BA), onde antes funcionava a unidade da Ford, solicitou a diminuição das taxas de 18% para 5% em veículos elétricos e de 20% para 10% em híbridos.

A BYD argumentou que a medida seria válida por um ano, até que sua planta pudesse produzir com componentes nacionais. Em sua defesa, a empresa afirmou que estava trazendo veículos “tecnológicos, sustentáveis e mais acessíveis”. Em carta publicada nesta semana, a chinesa disse que o consumidor brasileiro “foi obrigado a pagar caro por tecnologia velha e design preguiçoso” por décadas. O vice-presidente da BYD no Brasil, Alexandre Baldy, classificou as ações das montadoras estabelecidas como “chantagem com o governo”.

Do outro lado, as montadoras tradicionais, como Volkswagen, Toyota, Stellantis e General Motors, junto com a Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), alertaram que a concessão do benefício à BYD poderia comprometer R$ 60 bilhões em investimentos previstos até 2030 e resultar no fechamento de até 50 mil postos de trabalho formais.

O principal temor era que o Brasil se tornasse uma “maquila”— uma plataforma de montagem de baixa complexidade, onde o trabalho local se resumiria a “apertar parafusos”, sacrificando empregos qualificados e desenvolvimento tecnológico.

A Anfavea classificou a redução de tarifas para importação de carros chineses como uma “ameaça direta ao equilíbrio do setor”, temendo um “desequilíbrio concorrencial” e uma “invasão disfarçada” de carros chineses, impulsionada por uma “desova” estratégica devido à guerra de preços no Sudeste Asiático. A entidade também ressaltou a necessidade de previsibilidade nas regras para os investimentos de longo prazo.

A pressão contra a redução dos impostos se estendeu aos governadores de seis estados das regiões Sul e Sudeste – Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais e São Paulo. Eles assinaram uma carta pedindo o adiamento da votação, argumentando que a decisão poderia “desestruturar a cadeia automotiva nacional” e comprometer empregos e investimentos nos estados que concentram a maior parte da produção automotiva do país.

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Anfavea agradece ao governo

O cenário da disputa se intensificou em meio a uma ofensiva comercial sem precedentes das marcas chinesas no Brasil. No primeiro semestre de 2025, as importações de veículos chineses quase igualaram o total de 2024, e essas marcas já representam 5,4% dos emplacamentos totais. No segmento de carros eletrificados, BYD e GWM dominam, com mais de 80% das vendas de elétricos e 45% dos híbridos. Esse avanço já afeta diretamente marcas tradicionais como Jeep, Volkswagen, Chevrolet, Toyota e Hyundai.

Após a decisão do Camex, a Anfavea se manifestou positivamente, entendendo que o governo levou em conta as premissas de sua política industrial. A associação considerou o prazo de seis meses para a redução das tarifas nos kits de montagem como o “máximo aceitável”, sem colocar em risco os investimentos atuais e futuros da cadeia automotiva nacional.

A Anfavea expressou a esperança de que a discussão esteja “definitivamente encerrada”, sem renovação, e agradeceu ao governo federal pela “responsabilidade e previsibilidade”.

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