Edinho Silva, novo presidente do PT, é considerado por aliados como um político conciliador quando comparado ao perfil mais combativo da ministra Gleisi Hoffmann, ex-presidente da sigla. Aos 60 anos, ele foi eleito pelos petistas com uma missão: reeleger o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas Eleições 2026 – embora o presidente ainda não tenha confirmado publicamente que concorrerá.
“A reeleição do presidente Lula em 2026 não será um passeio. A polarização no Brasil está forte, mas tenho total confiança na capacidade dele e do nosso governo. Estamos trabalhando duro para reconquistar a confiança do povo. Acredito que, com as políticas certas, vamos chegar lá!”, comentou na rede social X.
Edinho tem razão em um ponto: de acordo com as últimas pesquisas, as eleições do ano que vem não serão nada parecidas a um passeio para o PT. Ao contrário. Uma pesquisa, realizada por Latam Pulse, Bloomberg e Atlasintel, publicada nesta terça-feira (8), mostra que Lula está tecnicamente empatado com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL): Bolsonaro teria 46% e Lula 44,4%, dentro da margem de erro de dois pontos percentuais (veja metodologia abaixo) – e mesmo com o ex-presidente estando inelegível.
Edinho sustenta que somente um PT mais moderno e aberto a amplas alianças pode garantir a possibilidade de reeleição de Lula em 2026. Apesar do selo de equilibrado, em publicação no X, ele tem reforçado a tese do “nós contra eles”, que acabou gerando mais atritos com o Congresso nas discussões sobre tributação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Recentemente ele compartilhou um vídeo da campanha promovida pela esquerda sobre “justiça social”. “Chegou o momento de distribuir o peso da conta Brasil com justiça: quem tem mais, contribui mais; quem tem menos, contribui menos. Nosso país precisa avançar na justiça tributária e social”.
A postagem vai contra o que o próprio Edinho defende como marca do governo Lula, de pacificador do país. O novo dirigente também acredita que o governo trouxe estabilidade ao país e defende as viagens de Lula ao exterior.
Como presidente do partido até 2029, ele terá como missão secundária estruturar a legenda sem Lula.
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Na vida pública, Edinho foi prefeito de Araraquara (SP) por quatro mandatos — de 2001 a 2008 e entre 2017 e 2024 — além de ocupar cargos de vereador também na cidade paulista, deputado estadual e ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, no governo Dilma Rousseff.
É graduado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e teve, em sua eleição, apoio de caciques do PT, como José Dirceu e do próprio Lula. Em entrevista ao Canal UOL, antes da eleição para a presidência do PT, disse que o governo Lula é forte e legítimo.
Edinho é defensor da regulamentação das redes sociais, mas diz que não enxerga nesse ponto um alinhamento com a censura da liberdade de expressão e sim, criação de instrumentos para coibir a produção de fake news.
“Censura é quando proíbe conteúdo. O que estamos falando é regulamentar os instrumentos de regulamentação”, comentou.
As propostas de regulamentação, porém, caminham em uma linha tênue beirando a censura e ferindo a liberdade de expressão. As principais críticas são em torno da entrega do monopólio da verdade ao Estado, obrigação de tornar as próprias plataformas como detentoras da decisão de censurar ou não um conteúdo e da falta de clareza das propostas para a regulamentação.
Metodologia da pesquisa citada: O levantamento foi realizado por Latam Pulse, Bloomberg e AtlasIntel, entre os dias 27 a 30 de junho de 2025. Foram entrevistadas 2.621 pessoas. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, e o intervalo de confiança é de 95%.