quarta-feira , 9 julho 2025
💵 DÓLAR: Carregando... | 💶 EURO: Carregando... | 💷 LIBRA: Carregando...

Envelhecimento rápido ameaça previdência e sem reforma pode haver crise fiscal

O Brasil vive uma grande transformação demográfica com um grande impacto. O rápido envelhecimento da população já projeta uma forte alta nos gastos públicos, especialmente com previdência e o benefício de prestação continuada (BPC). Especialistas apontam que sem reformas profundas – entre elas a da Previdência -, o país corre sérios riscos de estagnação, inflação crescente e um rombo fiscal sem precedentes.

O Brasil envelhece em ritmo recorde: os dados da transformação

A proporção de pessoas com 60 anos ou mais quase dobrou entre 2000 (8,7%) e 2023 (15,6%). O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística indica que serão 37,8% em 2070. A idade média do brasileiro, que era de 28,3 anos em 2000, passou para 35,5 anos em 2023 e deve chegar a 48,4 anos em 2070. O único segmento populacional que seguirá crescendo é o de idosos, diz Alexandre Kalache, presidente do Centro Internacional de Longevidade no Brasil (ILC BR).

Essa mudança acontece em ritmo muito mais acelerado que em nações desenvolvidas. A França, por exemplo, levou um século para atingir uma proporção de pessoas com 50 anos ou mais que o Brasil alcançará em apenas 40 anos, destaca Clea Klouri, sócia da agetech Data8.

VEJA TAMBÉM:

A conta fiscal: previdência e saúde sob pressão máxima

Especialistas aponta, que a aceleração do envelhecimento vai gerar um grande desafio fiscal. A conta recai diretamente sobre três pilares:

  • Previdência e BPC,
  • Saúde
  • Educação

A previdência é a “bomba-relógio” central. Segundo o Centro de Liderança Pública (CLP), sem uma nova reforma sustentável, os gastos com aposentadorias e BPC podem aumentar em R$ 600 bilhões até 2040, um valor equivalente a um novo orçamento da saúde pública ou ao dobro do que a União investe em infraestrutura.

O sistema atual foi desenhado para uma sociedade jovem. Hoje, o Brasil gasta cerca de 12% do PIB com previdência, somados todos os regimes. A relação entre contribuintes ativos e beneficiários despenca: a população ativa até 39 anos encolherá quase 16% até 2040, enquanto o grupo de 65 anos ou mais crescerá mais de 55%. Isso significa mais beneficiários para menos trabalhadores pagando. Mesmo as reformas passadas, incluindo a de 2019, são consideradas paliativas, apenas adiando o problema. “O sistema já é deficitário e não supre as necessidades da população”, diz Clea Klouri.

O envelhecimento também eleva a demanda por serviços de saúde e medicamentos. O gasto anual com saúde por pessoa acelera exponencialmente após os 60 anos, tornando-se três a quatro vezes maior para quem tem 80 anos ou mais em comparação com a faixa dos 30 a 44 anos. Doenças crônicas, uso intensivo de medicamentos e a necessidade de cuidados de longa duração são fatores que puxam essa conta para cima.

A projeção do CLP é que os gastos do SUS precisem aumentar de 4,2% para cerca de 7,5% do PIB até 2045 para manter a cobertura atual.

Paradoxalmente, a educação poderia ser uma “válvula de escape fiscal”. Com a queda projetada de 20% no número de alunos de 0 a 17 anos até 2040, o Brasil poderia liberar quase um ponto percentual do PIB em recursos. Esse montante seria precioso para realocar para saúde e previdência, áreas sob crescente pressão.

No entanto, a rigidez de vinculações constitucionais e a pressão política por mais verbas impedem que esse “bônus demográfico” na educação seja plenamente aproveitado, condenando o país a manter, ou até ampliar, as pressões de um setor que já não cresce em demanda.

Reforma da previdência: uma necessidade matemática, não uma escolha

Segundo o CLP, a necessidade de uma nova reforma da previdência não é uma escolha política, mas um imperativo fiscal. O sistema previdenciário brasileiro precisa de ajustes significativos para garantir sua sustentabilidade. É crucial “lidar com a matemática de ter cada vez mais pessoas acima de 65 anos para cada ativo contribuinte”, como afirma o CLP.

Convergir as regras dos diferentes regimes, ampliar a idade efetiva de saída do trabalho e acomodar o gasto dentro de um teto fiscal crível são medidas urgentes, apontam especialistas. Segundo a Allianz, uma das maiores seguradoras globais, o Brasil necessita de reformas “moderadas a significativas” no sistema previdenciário para garantir sustentabilidade e adequação. Sem isso, o estrangulamento previdenciário limitará drasticamente os recursos para outras áreas vitais.

O CLP afirma que o desafio é imenso: tornar o fardo fiscal administrável e, ao mesmo tempo, acelerar a produtividade em meio a uma força de trabalho que envelhece. “A demografia pode ser destino, mas a forma de financiá-la, e de transformar longevidade em prosperidade, continua a ser uma escolha essencialmente política”, destaca a nota da entidade.

fonte

Verifique também

Lula aposta nos Brics, mas barreiras dificultam negócios entre países do bloco

Um relatório elaborado pelo Conselho Empresarial do Brics(Cebrics), orgão oficial de representação do setor privado …

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *