Apelidado de “Gilmarpalooza” nos bastidores de Brasília, o Fórum Jurídico de Lisboa chega à sua 13ª edição reunindo parte expressiva da cúpula do poder no Brasil. Organizado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, o evento será realizado entre os dias 3 e 5 de julho na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, em Portugal. O tema deste ano é “O mundo em transformação – Direito, Democracia e Sustentabilidade na Era Inteligente”.
A lista de participantes confirma o peso político do encontro. Ao todo, quatro ministros do STF acompanharão Gilmar: Luís Roberto Barroso (presidente da Corte), André Mendonça, Alexandre de Moraes e Flávio Dino.
Do governo Lula, estão confirmados cinco ministros: Alexandre Silveira (Minas e Energia), Camilo Santana (Educação), Jader Filho (Cidades), Jorge Messias (Advocacia-Geral da União) e Ricardo Lewandowski (Justiça).
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), também marcará presença, junto com deputados como Tábata Amaral (PSB-SP), Orlando Silva (PCdoB-SP) e o ex-presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). No Senado, figuram Ciro Nogueira (PP-PI) e o ex-presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
A lista ainda inclui sete governadores: Cláudio Castro (PL-RJ), Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Mauro Mendes (União-MT), Helder Barbalho (MDB-PA), Ronaldo Caiado (União-GO), Eduardo Leite (PSD-RS) e Rafael Fonteles (PT-PI).
Também estão confirmados o procurador-geral da República, Paulo Gonet, e o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.
Quem organiza o “GilmarPalooza”
O Fórum é realizado pelo Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP) — que tem o próprio Gilmar Mendes como sócio — em parceria com o Lisbon Public Law Research Centre da Universidade de Lisboa e a FGV Justiça.
A programação detalhada do evento ainda não foi divulgada oficialmente. De acordo com o site do Fórum, os debates deste ano vão girar em torno da inteligência artificial e seus impactos no Direito, na política e na sociedade.
Custos e conflitos
Em 2024, o evento foi marcado por polêmicas. Um levantamento feito pelo Estadão apontou que os gastos do poder público com passagens e diárias para o Fórum somaram R$ 1,34 milhão, pagos pelos Três Poderes.
Na mesma edição, representantes de ao menos 12 empresas com processos em tramitação no STF participaram como palestrantes. Questionado, o Supremo negou à época qualquer conflito de interesse.
Na prática, o Fórum se tornou um ponto de encontro informal de ministros, parlamentares, governadores e empresários — longe do alcance institucional direto da imprensa e dos órgãos de controle. O evento também reacende o debate sobre o uso de recursos públicos para viagens internacionais de autoridades em compromissos fora da agenda oficial do Brasil.