O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), afirmou nesta quinta-feira (27) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) precisa recompor a sua base no Congresso Nacional, após a derrota histórica com a derrubada do decreto que aumentou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Em entrevista publicada no jornal O Globo, Guimarães defendeu um “ajuste geral” da base, tanto na Câmara dos Deputados como no Senado, para melhorar a relação do governo com os parlamentares. Segundo ele, a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, pretende marcar uma reunião sobre o assunto com todos os partidos da base governista – União Brasil, PP, MDB, PDT, PSD e PSB.
Na votação da derrubada do decreto na Câmara, com o placar de 383 a 98 votos, cerca de 63% dos favoráveis foram parlamentares com ministérios no governo. Pelo menos 11 vice-líderes do governo apoiaram o fim do aumento do IOF. Os votos são considerados uma resposta direta ao presidente Lula e ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
“Houve um problema político, não podemos esconder. É real. É uma derrota. Mas essa derrota não é o fim do mundo, nem o fim dos tempos. Exige uma recalibragem da relação”, disse o líder do governo.
Ao ser questionado sobre a falha na articulação política, Guimarães negou qualquer “erro” por parte de Lula e atribuiu a derrota a uma “lentidão nos encaminhamentos”- como a “execução do orçamento” em menção a liberação das emendas parlamentares.
Relação do governo com Motta e Alcolumbre
Sobre a relação com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), Guimarães destacou que o governo “tem que recompor” e que não adianta passar uma “borracha nisso”. Para ele, ambos presidentes “armaram contra o governo” por terem levado o projeto para votação sem comunicar com os líderes.
“Numa relação, é sempre muito bom ter transparência, lealdade e compromisso com a verdade. Na hora que não prevalece, complica. Mas não acho que isso é o fim do mundo”, acrescentou.
O líder ainda reforçou que a votação foi um “desserviço ao país”. “Evidentemente, haverá consequência. O governo vai ter que arrochar, vai ter que contingenciar, vai ter que bloquear a todos e a tudo. Isso não significa a ameaça de nada. É a realidade da economia”, disse Guimarães.