A aprovação do decreto legislativo que anula o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) anunciado pelo governo Lula em maio, foi recebida com cautela pelo governador do Pará, Helder Barbalho (MDB). Sem criticar diretamente o Planalto, o emedebista afirmou que o país precisa “conciliar” o combate ao déficit fiscal com medidas que permitam a retomada do crescimento econômico.
“O Brasil precisa encontrar caminhos que possam fazer com que a economia cresça, com que os juros reduzam, com que o dólar possa baixar e, com isso, nós possamos trazer desenvolvimento para todo o nosso país. Essa é a nossa expectativa”, disse Barbalho em entrevista durante a inauguração do Chocolat Festival, em Altamira, nesta quinta-feira (26).
A fala ocorre no momento em que o nome de Helder Barbalho é apontado, nos bastidores, como possível vice na chapa de Lula à reeleição em 2026. Apesar da aproximação com o governo federal, o governador tem adotado discurso mais técnico e de viés fiscalista, defendendo maior eficiência na gestão pública e redução do custo da máquina.
Sem mencionar diretamente a medida do governo federal — que elevaria as alíquotas do IOF sobre cartões internacionais e remessas ao exterior —, Barbalho destacou a necessidade de discutir soluções para o rombo nas contas públicas.
“Tem que se discutir qual é a solução para o déficit fiscal. Há um déficit significativo que tem gerado, inclusive, um aumento na taxa de juros a cada reunião do Copom”, afirmou o governador. “Precisamos conciliar para que o Brasil possa reduzir o custo da máquina pública, possa ter mais eficiência com oportunidades, inclusive, de ter um orçamento que aprimore investimento como ponto central”.
Investimento como prioridade
Helder citou o Pará como exemplo de uso eficiente dos recursos públicos. “No último ano, fomos o terceiro estado que mais investiu no orçamento público do Brasil, com 14%, apenas 0,5% abaixo do que mais investiu”, afirmou. Para ele, “usar o orçamento público para aquilo que a sociedade espera” é essencial para o desenvolvimento.
Continua depois da publicidade
O governo Lula estimava arrecadar R$ 10 bilhões com o aumento do IOF em 2025. A medida foi duramente criticada por setores econômicos e parlamentares do centro e da oposição, por penalizar diretamente os consumidores em operações cotidianas, como compras no exterior. Com a derrubada do decreto, as alíquotas voltam aos patamares anteriores.
Impacto fiscal e político
A reversão do aumento do IOF marca uma derrota política para o governo e levanta dúvidas sobre sua capacidade de avançar em pautas fiscais impopulares. Ao mesmo tempo, acende o sinal de alerta para o desafio de manter a sustentabilidade das contas públicas sem recorrer a medidas arrecadatórias de curto prazo.