O presidente Lula (PT) enviou uma carta aos organizadores da Marcha para Jesus, que realiza sua 33ª edição nesta quinta-feira (19) em São Paulo, afirmando que deixou de ir ao evento “por compromissos de governo”, e que se trata de “um ato extraordinário de fé coletiva, uma caminhada de oração, de louvor e de compromisso com um Brasil mais humano, mais justo e mais solidário”.
O petista foi representado no evento pelo advogado-geral da União, Jorge Messias, que fez um breve discurso falando de Deus e elogiando a marcha, mas sem citar o nome do presidente. Messias entregou a carta ao apóstolo Estevam Hernandes e a Bispa Sônia, líderes da Igreja Renascer em Cristo e organizadores da Marcha para Jesus.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), adversários políticos do chefe do Executivo federal, marcaram presença na celebração religiosa, que teve início às 10h com uma caminhada e segue na Zona Norte da cidade até o fim do dia. Os dois posaram para fotos segurando uma bandeira de Israel, foram saudados por Hernandes como “homens de Deus” e tietados pelo público quando desceram do trio elétrico. Aniversariante, Tarcísio recebeu “parabéns para você” em duas ocasiões durante o evento.
No texto, Lula lembra que a 33ª edição do evento remete à idade que Jesus Cristo tinha quando morreu, e destaca que a celebração “já faz parte do coração do povo brasileiro e que, ano após ano, mostra a força transformadora da fé cristã em nosso país”.
Presidente cita trecho da Bíblia
“Quero parabenizá-los, Apóstolo Estevam e Bispa Sônia, pela liderança firme e generosa à frente desse grande movimento de esperança. A Marcha para Jesus é muito mais do que um evento, é um ato extraordinário de fé coletiva, uma caminhada de oração, de louvor e de compromisso com um Brasil mais humano, mais justo e mais solidário. Vocês têm sido, ao longo desses anos, verdadeiros pastores do seu povo. Um casal que, com coragem e espírito de serviço, cumpre aquilo que está escrito no livro do profeta Ezequiel”, escreve o chefe do Palácio do Planalto.
O petista cita o capítulo 34, versículo 15 do livro de Ezequiel na Bíblia, e diz o casal cumpre a promessa no sentido de “acolher, orientar e cuidar dos que mais precisam” e que a Marcha para Jesus tem cumprido um papel de “unir corações em torno da fé, fortalecer o espírito de comunidade, e mostrar que o louvor a Deus é caminho de reconstrução, não só espiritual, mas também social”.
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Ele justifica sua ausência, cita a sanção da lei que institui o Dia Nacional da Marcha para Jesus, em 2009, e afirma que seu governo tem “promovido o diálogo inter-religioso, respeitado as diferentes crenças, e valorizado o papel das igrejas na construção de um Brasil mais justo e solidário”.
“Infelizmente, compromissos de governo me impedem de estar presente fisicamente nesta edição. Mas pedi ao ministro-chefe da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, que represente a mim e ao nosso governo. Ele leva consigo o meu abraço fraterno e a certeza de que seguimos juntos, trabalhando com fé e coragem para fazer o que de melhor sabemos fazer: cuidar do povo brasileiro”, acrescentou o presidente.
Messias é da Igreja Batista e, no ano passado, levou uma carta assinada pelo presidente em que lembrava ter sido o petista quem sancionou o Dia Nacional da Marcha para Jesus, em 2009, em seu segundo mandato. Em seu discurso nesta quinta, ele não citou o mandatário. O discurso foi curto, exaltou Jesus Cristo e elogiou o casal Hernandes.
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“Eu caminho com Deus há 40 anos, e tive dias bons, dias ruins, mas Deus sempre foi Deus. Deus nunca me faltou, e nós estamos aqui para louvar em espírito e em coração o nosso Deus. A ele, toda honra e glória seja dada”, disse antes de ser abraçado pelos líderes da Renascer.
Leia a íntegra da carta:
Aos Ilustríssimos Apóstolo Estevam Hernandes e Bispa Sônia, recebam minhas mais cordiais saudações.
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É com grande alegria que me dirijo a todo o povo por ocasião da 33ª edição da Marcha para Jesus, número simbólico que remete à plenitude da missão de Cristo. Trata-se de uma celebração que já faz parte do coração do povo brasileiro e que, ano após ano, mostra a força transformadora da fé cristã em nosso país.
Quero parabenizá-los, Apóstolo Estevam e Bispa Sônia, pela liderança firme e generosa à frente desse grande movimento de esperança.
A Marcha para Jesus é muito mais do que um evento, é um ato extraordinário de fé coletiva, uma caminhada de oração, de louvor e de compromisso com um Brasil mais humano, mais justo e mais solidário.
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Vocês têm sido, ao longo desses anos, verdadeiros pastores do seu povo. Um casal que, com coragem e espírito de serviço, cumpre aquilo que está escrito no livro do profeta Ezequiel:
“Eu mesmo apascentarei as minhas ovelhas e as farei repousar” (Ez 34:15).
Essa promessa se realiza todos os dias na sua missão de acolher, orientar e cuidar dos que mais precisam.
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Ver o tamanho que essa celebração ganhou ao longo dos anos, me faz lembrar de Davi, no propósito de unir o seu povo e colocar a adoração a Deus no centro da vida pessoal e da nação.
Assim como Davi, a Marcha para Jesus tem cumprido esse mesmo papel: unir corações em torno da fé, fortalecer o espírito de comunidade, e mostrar que o louvor a Deus é caminho de reconstrução, não só espiritual, mas também social.
A cada passo dessa Marcha, ecoa uma mensagem forte: que o Brasil tem um povo generoso, de fé, que ora, que ama, que sonha.
Um povo de fé, que não desiste. E é essa fé extraordinária que inspira todos os dias o nosso governo na missão de reconstruir o Brasil, colocando as famílias brasileiras no centro das nossas decisões e cuidando de quem mais precisa.
Como cristão, me emociono com a alegria que brota da fé do nosso povo. E como Presidente da República, reafirmo, em cada gesto de governo, meu compromisso com a liberdade religiosa e com o respeito à diversidade de crenças, porque a pluralidade religiosa é uma das maiores riquezas da nossa democracia.
Nosso governo tem promovido o diálogo inter-religioso, respeitado as diferentes crenças, e valorizado o papel das igrejas na construção de um Brasil mais justo e solidário.
Desde que sancionei, com muito orgulho, a lei que instituiu o Dia Nacional da Marcha para Jesus, em 2009, vejo com esperança como essa celebração cresceu e se tornou um símbolo de unidade, paz e compromisso com os valores cristãos: a compaixão, a misericórdia, o respeito às diferenças e o amor ao próximo.
Infelizmente, compromissos de governo me impedem de estar presente fisicamente nesta edição. Mas, pedi ao ministro-chefe da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, que represente a mim e ao nosso governo.
Ele leva consigo o meu abraço fraterno e a certeza de que seguimos juntos, trabalhando com fé e coragem para fazer o que de melhor sabemos fazer: cuidar do povo brasileiro.
Desejo a todos uma Marcha abençoada, guiada pelo Espírito Santo, e que siga levando a luz da fé por todo o país, inspirando cada brasileiro e cada brasileira a crer num Brasil mais justo, menos desigual e mais democrático.
Com respeito,
Luiz Inácio Lula da Silva
Presidente da República Federativa do Brasil