O governo brasileiro lamentou nesta terça-feira (13) a morte do ex-presidente do Uruguai José “Pepe” Mujica, aos 89 anos, em Montevidéu. O Ministério das Relações Exteriores destacou que o legado de Mujica permanecerá, guiando aqueles que “genuinamente acreditam na integração de nossa região” como caminho para o desenvolvimento. Após a manifestação do Itamaraty, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que cumpre agenda oficial na China, disse que pretende ir ao funeral de Mujica.
“Amanheci em Pequim com a triste notícia de que Pepe Mujica partiu hoje, nos deixando cheios de tristeza, mas também de muitos aprendizados. Sua vida foi um exemplo de que a luta política e a doçura podem andar juntas. E de que a coragem e a força podem vir acompanhadas da humildade e do desapego”, disse o presidente, em nota.
“Sua grandeza humana ultrapassou as fronteiras do Uruguai e de seu mandato presidencial. A sabedoria de suas palavras formou um verdadeiro canto de unidade e fraternidade para a América Latina”, ressaltou o petista. O presidente em exercício, Geraldo Alckmin (PSB), decretou luto oficial de três dias.
O ex-presidente uruguaio enfrentava um câncer de esôfago, diagnosticado em abril de 2024, e havia interrompido os tratamentos após o avanço da doença para o fígado. O falecimento de Mujica foi anunciado pelo presidente do Uruguai, Yamandú Orsi, nas redes sociais.
“O legado de ‘Pepe’ Mujica permanecerá, guiando todas e todos aqueles que genuinamente acreditam na integração de nossa região como caminho incontornável para o desenvolvimento e na nossa capacidade de construir um mundo melhor para as futuras gerações”, afirmou o Itamaraty, em nota.
O governo expressou “profundo pesar” pela morte do político uruguaio. “Neste momento de dor, o Governo brasileiro estende à viúva Lucía Topolansky e aos familiares do ex-Presidente, assim como ao governo e ao povo uruguaios, seus mais sentidos pêsames e expressões de solidariedade”, afirmou o governo.
Mujica era aliado e amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que condecorou o uruguaio com a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, a mais alta honraria oferecida pelo Brasil a cidadãos estrangeiros, em dezembro de 2024.
“A gente não escolhe irmão. A gente não escolhe sequer a mãe. Mas um companheiro a gente escolhe”, disse o presidente brasileiro. Na ocasião, o petistas classificou o amigo como “a pessoa mais extraordinária” entre os presidentes com quem conviveu. O último encontro entre os dois aconteceu na posse de Orsi, em março deste ano.
“Eu agradeço, querido. Não sou um homem de prêmios e medalhas. Sou um homem do povo. Obrigado por termos nos encontrado nessa caminhada”, respondeu Mujica, que presidiu o Uruguai entre 2010 e 2015.
“O legado de ‘Pepe’ Mujica permanecerá, guiando todas e todos aqueles que genuinamente acreditam na integração de nossa região como caminho incontornável para o desenvolvimento e na nossa capacidade de construir um mundo melhor para as futuras gerações”, ressaltou o Itamaraty.
Em 2018, Mujica visitou Lula quando ele estava preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR). Após a visita, “Pepe” disse que encontrou o petista bem humorado e mais magro e relatou que conversaram sobre os problemas da América Latina e sobre futebol.
“Fazia tempo que eu não o via. Pertenço a um país pequeno. Quando Lula foi presidente desse país gigantesco, teve muita consideração com os países pequenos da América Latina. Temos que reconhecer, e reconheceremos sempre”, disse Mujica em 21 de junho de 2018 depois de visitar Lula.
“Grande amigo do Brasil, o ex-Presidente Mujica foi um entusiasta do MERCOSUL, da UNASUL e da CELAC, um dos principais artífices da integração da América do Sul e da América Latina e, sobretudo, um dos mais importantes humanistas de nossa época. Seu compromisso com a construção de uma ordem internacional mais justa, democrática e solidária constitui exemplo para todos e todas”, diz o comunicado do Planalto.